sexta-feira, 8 de março de 2013




                                      GARANHUNS E SUA VOCAÇÃO

                                                                                                             Antonio C. de Souza



      Nos últimos dias, estimulado pelas extensas discussões em rodas de amigos e postagens na internet, venho conjecturando sobre a verdadeira vocação de Garanhuns no cenário pernambucano.
      Em décadas passadas, Garanhuns se destacava no cenário pernambucano como um centro turístico de descanso, mercê de seu clima e de suas águas, dos seus recantos outrora bucólicos, do seu povo de aspecto diferente, e até, de hipotéticas flores. Era a época das grandes convenções de associações de classes, clubes de serviços, conselhos profissionais e uma série de outros encontros. Tínhamos como destaques na rede hoteleira os hotéis Tavares Correia e Monte Sinai e até o Petrópolis e outros pequenos hotéis com características interioranas. Decerto que éramos uma cidade menor com menos necessidades.
     Destacávamos-nos, também, como polo cultural, com destaques para os nossos educandários que mantinham um regime de internato – Colégio Diocesano, Santa Sofia e XV de Novembro – eram a nata do ensino pernambucano, pois para aqui acorriam os filhos das famílias mais abastadas do estado. Passaram pelas nossas bancas escolares, governadores, deputados, senadores e até ministros. Era a época de ouro.
     Retornando no tempo, antes do “boom” educacional, fomos um centro importante de produção de café, fomos polo de algodão, feijão, açafrão, pimenta-do-reino, banana e outras frutas tropicais; éramos sede de grandes rebanhos, sediávamos todos os anos uma das maiores exposições agropecuária do nordeste, onde grandes criadores aqui expunham e comercializavam seus planteis de gado de raça, grandes produtores de leite se faziam presentes. Aqui se instalou, inclusive, uma indústria de beneficiamento de leite, inicialmente privada, depois passada para as mãos do estado.
     Tivemos nos anos 70 a instalação de um parque industrial, diversas fábricas embaladas pela renuncia fiscal do governo aqui se instalaram, essas, por um bom período, geraram empregos e renda para o nosso povo. Coca-Cola, Hora Norte, Balas, Café, Condimentos, Confecções, Insumos plásticos, Postes, Águas minerais, era por assim dizer, um período de vacas gordas.
    O tempo passou, Garanhuns passou a ser gerida por políticos carreiristas, todos queriam um posto, mas não tinham projetos para a cidade. Uma cidade ou município vive de incentivos ao desenvolvimento, esses, minguaram junto com a capacidade política dos caciques. Garanhuns, aos poucos, foi se apagando no cenário pernambucano.
    Anos 90. Buscando uma ressurreição, o prefeito Ivo Amaral, ouvindo algumas pessoas em Garanhuns, decidiu criar o Festival de Inverno. A princípio incipiente, aos poucos tomou corpo e lanço Garanhuns em evidência perante o estado. Hoje, ultrapassa fronteiras. Não é o suficiente. Outros festivais foram criados, mas não são suficientes para restaurar o antigo brilho da terra de Simôa.
     Garanhuns precisa se estabelecer no cenário pernambucano como um grande polo educacional voltado para o ensino superior. Temos a AESGA, UPE, UAG, alguns cursos a distancia, mas precisamos urgentemente destravar a FAMEG, pois com ela virão o estabelecimento de outros cursos oferecidos pelo mesmo grupo educacional, isto suscitará a criação de cursos e mais cursos nas outras unidades de ensino. A partir daí surgirão cursos preparatórios, melhorará o nosso ensino do 2º Grau e, com certeza, grande parte do nosso povo será beneficiado.
    O nosso povo, hoje, romantizado pelo discurso dos nossos políticos de plantão, sonham com indústria. Imaginam um cenário de fábricas e mais fábricas, com ou sem chaminés, e aquela leva de operários aguardando seus momentos de adentrarem as instalações fabris; sonho, sonho nada mais. Precisamos entender que para a consecução do sonho industrial precisamos reunir uma série de atributos: fiscais, tributários, logísticos, apoio em mão de obra especializada, isto não temos e nem é fácil conseguir. Estoicos prosseguimos no sonho, creditando aos conversadores de plantão a capacidade de requisitar o passaporte da era industrial, esquecendo que a nossa vocação está na terceira via da economia: serviço, seja ele entretenimento ou educação, capaz de gerar milhares de empregos, diretos e indiretos, impostos, renda e incentivo a habitação, saneamento e melhoria no atendimento a saúde.

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