domingo, 17 de março de 2013

''Visite nossa cozinha''


''Visite nossa cozinha'': um convite pouco usado

Embora direito seja assegurado por legislação municipal, restaurantes veem como 'extraterrestres' consumidores que decidem fazer a vistoria




É lei municipal: o cliente tem direito de visitar a cozinha dos restaurantes de São Paulo. Mas quem pede para dar uma olhada é visto como corpo estranho pelos funcionários dos estabelecimentos. Foi o que constatou a reportagem na semana passada, ao se identificar como consumidor em sete restaurantes e solicitar a inspeção nas instalações.
No Bistro Café, no centro, a atendente se mostrou desconfiada com o pedido. "Pode visitar a cozinha, mas de onde você é?", questionou. A repórter respondeu que era uma cliente com esse hábito e foi levada até a porta da cozinha, mas sem ser convidada a entrar. "Não precisa colocar a touca porque daqui você tem uma visão geral da nossa cozinha, que é pequena", disse. A proprietária da casa, Miriam Silva, afirmou que os pedidos são raros: no máximo, um por mês.
Na churrascaria Soberana, no Mandaqui, zona norte, apesar da simpatia dos funcionários, a sensação também foi a de estar incomodando. O administrador Bruno Badaró Paiva diz que esse tipo de pedido é mais comum entre nutricionistas e profissionais de saúde. Na unidade do Shopping Tatuapé, na zona leste, da rede de comida baiana Axé, o gerente ofereceu a touca e mostrou a cozinha. Ele fez questão de abrir a porta do forno para mostrar que estava tudo limpo, mas os funcionários pararam de trabalhar por alguns minutos. Atendimento similar foi oferecido pelo Pescador, na zona norte. Com touca descartável, o tour pela cozinha passou pelos fornos, freezers e despensa.
Em outros três estabelecimentos em que a cozinha era separada do salão por um balcão, a reportagem foi convidada a observar a dinâmica de fora. Como no Carambolla, em Moema, zona sul. Desde que a empresária Monica Carvalho assumiu o estabelecimento, em dezembro, a repórter foi a primeira a pedir para ver a cozinha. "Falta esse hábito aos brasileiros. Basta a comida chegar arrumadinha e bonita no prato. Mas não é só isso."
Para a chef Elzinha Nunes, de 50 anos, dona do restaurante Dona Lucinha, é um prazer os clientes verem a cozinha. "Quem trabalha com comida é médico da saúde e, por isso, nosso trabalho tem de ser bem feito." Quando vai comer fora, ela sempre faz o pedido. "Já teve restaurante que disfarcei, pedi uma água e fui embora após ver a cozinha. Mas, felizmente, foram exceções." 
    A legislação é da cidade de São Paulo, mas que tal adotarmos o procedimento em nossa cidade, assim evitaríamos uma série de dissabores.

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