terça-feira, 23 de abril de 2013


Manobra do governo eleva número de programa de bolsas no exterior


O Ministério da Educação passou a computar entre os alunos do Ciência sem Fronteiras, programa de estudo no exterior, os bolsistas regulares da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão de incentivo à pesquisa.
A maquiagem ocorre há pelo menos um mês e meio, mas, na sexta-feira passada, a Capes informou aos bolsistas de seus programas regulares que eles seriam oficialmente migrados para o Ciência sem Fronteiras se fossem "elegíveis", isto é, se estivessem dentro dos critérios de seleção do programa.
No comunicado, a Capes diz que a migração é para "fins operacionais", "com o objetivo de oferecer isonomia no tratamento dispensado aos seus beneficiários".
O PROGRAMA
Lançado em 2011, o Ciência sem Fronteiras é a menina dos olhos da presidente Dilma, que estabeleceu a meta de enviar 101 mil bolsistas para o exterior até 2015. O objetivo é considerado irrealista, reservadamente, por envolvidos em sua execução.
A Capes mesmo já disse ter dificuldades estruturais para cumpri-lo: antes do programa, tinha cerca de 4.000 bolsistas. Até fevereiro, já haviam sido concedidas 22.646 bolsas do Ciência sem Fronteiras, das quais 19.601 começaram a ser pagas.
O programa está sob responsabilidade de Aloizio Mercadante (Educação), que o lançou quando era titular do Ministério da Ciência e Tecnologia. Ele aspira concorrer ao governo paulista ou assumir a Casa Civil em 2014.
As bolsas regulares e o Ciência sem Fronteiras oferecem remuneração semelhante, mas a seleção e a aceitação internacional são diferentes. O programa também engloba uma parcela menor das áreas de conhecimento, ao praticamente excluir as ciências humanas.
Parte expressiva das 19.601 bolsas implementadas pelo programa até agora pode ser de alunos que não foram selecionados por meio dele.
Folha cruzou nomes de estudantes aprovados nos editais de doutorado regular da Capes no exterior com a lista de alunos do Ciência sem Fronteiras disponível no site oficial do programa.
Em 2012, foram 280 aprovados no programa regular de doutorado fora do país. Pelo menos 60 desses estudantes constavam da lista de bolsistas do Ciência sem Fronteiras sem que estivessem efetivamente dentro dele.
Folha entrou em contato com 25 desses bolsistas em oito países. As respostas revelaram surpresa por parte dos alunos. Alguns nem sequer tinham se inscrito no programa. Três relataram terem sido reprovados no Ciência sem Fronteiras.
Estudante de doutorado na Freie Universität Berlin, na Alemanha, Grégori Romero chegou a tentar o Ciência sem Fronteiras. Quando se inscreveu, conta, não tinha preferência entre os programas.
"Mas, agora que tenho a da Capes/Daad, acho que é uma vantagem, pois mesmo recebendo o auxílio do Brasil, sou aluno Daad, que é um órgão alemão com fama internacional. É um programa mais tradicional, com critérios de seleção mais elaborados."
André Hallack, doutorando na Universidade de Oxford (Reino Unido), conta que foi aprovado por ambas as bolsas, "que são praticamente iguais". "Quando saiu o resultado do Ciência Sem Fronteiras, eu já estava bem fechado com a bolsa da Capes, então ignorei o processo dele."
Alguns dos estudantes ouvidos relataram ter questionado a Capes por e-mail. Eles receberam como resposta que a manobra é "para dar estatística" e cumprir "metas do governo federal".
A distorção pode ser ainda maior, já que a Folha observou também, em outros editais de doutorado pleno e doutorado-sanduíche, mais nomes repetidos.
Foi solicitada à Capes a lista de bolsistas regulares, mas a instituição alegou falta de estrutura para entregá-la, para saber quantos de fato são eles e se também estavam no Ciência sem Fronteiras.
O pedido foi feito novamente via Lei de Acesso à Informação, mas o governo ainda não respondeu.

quinta-feira, 18 de abril de 2013


Petrobrás amarga déficit comercial de US$ 7,3 bilhões no 1º trimestre



O déficit comercial da Petrobrás superou US$ 7 bilhões no primeiro trimestre deste ano. Os números divulgados nesta quinta-feira, 18, pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) indicam que as importações da estatal somaram US$ 10,166 bilhões (preço FOB) entre janeiro e março. As exportações, por sua vez, totalizaram US$ 2,770 bilhões, resultando em um déficit comercial de US$ 7,396 bilhões.
O montante equivale a mais de quatro vezes o déficit de US$ 1,679 bilhão reportado pela Petrobrás nos três primeiros meses do ano passado. Os números consideram apenas as operações realizadas pela Petrobrás e, portanto, não incluem vendas e compras feitas por controladas da estatal que possuem outro CNPJ, caso da Petrobrás Distribuidora.
O salto do déficit trimestral é explicado pela combinação de queda das exportações e aumento das importações. As compras externas saltaram 40,20% nessa base comparativa, enquanto as exportações encolheram 50,29%. Vale destacar que a demanda doméstica por combustíveis se manteve aquecida no início do ano, obrigando a Petrobrás a manter as importações de derivados como gasolina e diesel. Por outro lado, a companhia registrou queda da produção de óleo em território brasileiro, o que afeta a receita com exportações.
Com a queda da receita proveniente de vendas externas, a Petrobrás se distancia da líder Vale no ranking das maiores exportadoras do País. A mineradora encerrou o trimestre com alta de 3,8% nas exportações, com um total de US$ 5,566 bilhões em vendas. Dessa forma, a diferença de vendas externas entre as empresas ficou em quase US$ 3 bilhões a favor da Vale. No primeiro trimestre do ano passado, a Petrobrás ocupava a liderança do ranking, com vendas de US$ 5,572 bilhões, ante US$ 5,363 bilhões da Vale.
Março. Quando considerado apenas o mês de março, as importações da Petrobrás cresceram 5,68% em relação ao mesmo período do ano passado e somaram US$ 3,149 bilhões. As exportações, por sua vez, caíram 26,37%, para um total de US$ 1,535 bilhão. O saldo comercial da estatal no mês, portanto, ficou deficitário em US$ 1,614 bilhão. No mesmo mês de 2012, o déficit havia somado aproximadamente US$ 900 milhões.

terça-feira, 16 de abril de 2013


FMI reduz previsão de crescimento do Brasil em 2013, mas aumenta a de 2014



O FMI (Fundo Monetário Internacional) reduziu nesta terça-feira (16) suas projeções para o crescimento econômico do Brasil e do mundo neste ano devido aos cortes de gastos do governo americano e às dificuldades mais recentes da Europa, atingida pela recessão.
A instituição reduziu sua previsão de crescimento global de 3,5% em janeiro para 3,3% hoje. Para 2014, a estimativa caiu de 4,1% para 4%.
Para o Brasil, a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) caiu 0,5 ponto percentual em 2013, de 3,5% para 3%, mas subiu em 2014, de 3,9% para 4,0%, ao contrário da maioria dos países.
Segundo o FMI, a economia brasileira vai se acelerar neste ano, após crescer apenas 0,9% no ano passado, "refletindo o impacto desfasado da flexibilização da política doméstica e das medidas destinadas a impulsionar o investimento privado. No entanto, restrições de oferta podem limitar o ritmo de crescimento no curto prazo".
Para a América Latina e o Caribe, a previsão foi reajustada de 3,6% para 3,4% neste ano, mas as perspectivas para a região são mais otimistas que para o resto do mundo, segundo o organismo internacional.
O fundo aumentou em um décimo, para 0,3%, a deflação da zona do euro, advertindo que a situação pode piorar na região sem a aplicação das atuais políticas de ajuste fiscal e da prevista reforma do setor bancário.
Nos Estados Unidos, a previsão de crescimento para 2013 também caiu, embora o FMI tenha destacado "alguns sinais esperançosos" na maior economia do mundo. O PIB americano aumentará 1,9% neste ano e 3,0% em 2014.
A China crescerá 8% em 2013 e 8,2% em 2014, ambos os resultados abaixo dos 8,2% e 8,5% previstos anteriormente.
Entre as grandes economias, apenas o Japão viu sua projeção de crescimento ser revisada para cima, saindo da deflação que paralisa a sua economia: o país deve crescer 1,6% em 2013 e 1,4% em 2014.

domingo, 14 de abril de 2013


Quão rara é a vida no Universo?


Nesta semana, a agência espacial americana Nasa autorizou a construção de um satélite caçador de planetas parecidos com a Terra, mas que giram em torno de estrelas distantes. Com o nome de Tess (do inglês "Transit Exoplanet Survey Satellite"), ele identificará a ligeira queda da luz estelar provocada pela passagem de um planeta à frente de uma estrela, o método do "trânsito", e deverá ser lançado em 2017.
Kepler, a missão atual, usa o mesmo método e vem identificando milhares de potenciais planetas e confirmando centenas deles. Tess buscará planetas em uma região bem mais ampla do céu, focando em estrelas mais brilhantes.
Com isso, cientistas esperam identificar planetas mais parecidos com a Terra. A questão é saber quão raro é o nosso planeta, já que a maioria das estrelas tem planetas orbitando à sua volta.
Nossa galáxia, a Via Láctea, tem em torno de 200 bilhões de estrelas. Se pelo menos metade delas tem planetas e se, em média, estrelas têm em torno de quatro planetas, chegamos a 400 bilhões de planetas só na nossa galáxia.
Como não só planetas mas também suas luas podem ter condições favoráveis à vida, o número pode chegar a um trilhão de mundos. Sabemos que ao menos um planeta nesse trilhão tem vida. Quantos outros podem ter? Milhões? Centenas? Nenhum?
Parte da resposta depende justamente da frequência com que planetas rochosos como a Terra aparecem dentro da "zona habitável", a região em torno de uma estrela onde planetas e luas podem ter água líquida. A complicação é que certas luas fora dessa zona podem ter água líquida, como é o caso de Europa, a lua de Júpiter, que tem um oceano com quatro vezes mais água do que todos os oceanos da Terra, sob uma camada de gelo de dois quilômetros de espessura.
Portanto, um otimista diria que o Universo é cheio de vida, que é questão de tempo até acharmos algum sinal disso. Afinal, com tantos planetas e luas por aí... Só que a vida é algo muito complexo. O primeiro passo --reações químicas que de alguma forma geram vida da não vida-- não é algo trivial. Tanto que não temos a menor ideia de como repeti-lo no laboratório.
Missões como Kepler e Tess poderão até identificar traços de substâncias ligadas à vida na atmosfera de exoplanetas, como o ozônio e o oxigênio. Se isso ocorrer, teremos evidência de que a vida pode existir por lá. E é muito provável que algum tipo de vida simples exista em outros mundos.
Mas se você for um entusiasta de inteligências extraterrestres, a coisa fica bem mais difícil. Da vida simples aos seres multicelulares --e destes aos inteligentes-- há muitos obstáculos que dependem dos detalhes da história do planeta.
Junte-se a isso a ausência de contato com "eles" e vemos que provavelmente estamos sós. Se não sós, ao menos isolados neste canto da galáxia. O que significa que somos raros e valiosos. Essa é uma das grandes revelações da ciência atual. Basta o mundo se convencer disso e começar a mudar.

terça-feira, 9 de abril de 2013


                  Palpites de cocheira


RIO DE JANEIRO - Equilibrado, de natureza conciliatória, FHC parece que perdeu um pouco de sua paciência e deitou falação contra a falta de união do PSDB, do qual é presidente de honra e seu maior expoente.
O problema dos tucanos não é exclusivo. Também o PT, apesar da liderança e do estilo centralizador de Lula, estará atravessando um desafio até então inédito em sua história. Não se pode prever os prejuízos que o mensalão deixou em suas fileiras, o fato é que estamos diante de um episódio novo, que pode rachar a decantada unidade partidária.
Tal como aconteceu com o velho partidão, até o ano que vem pode surgir um PT do B, uma ala dissidente que escapará da influência imperial de Lula, que agora tem um nome alternativo e de peso: a presidente Dilma, que vem com tudo, inclusive vontade, para se reeleger.
O PMDB consultará a sua bússola de bolso que indicará o caminho --bússola que vem funcionando desde que acabou a missão histórica que exerceu nos tempos da ditadura. Não tendo condições para aspirar ao poder absoluto, adotou a proximidade da mesa presidencial e participa do bródio político com o apetite de sempre.
As decisões finais ficarão a cargo dos donos dos principais partidos. FHC tem razão quando cobra a união e o fim das divergências internas do seu partido. Quanto a Lula, depois de ter exercido com sucesso a função de aprendiz de feiticeiro, elegendo Dilma, pode ter esquecido a fórmula de desmanchar o encanto da própria feitiçaria, tendo contas a ajustar com os detritos do mensalão que o ameaçam com as denúncias de Marcos Valério.
Correndo por fora, mas cada vez mais dentro, Eduardo Campos vem com a força do Nordeste e de seu avô, temendo apenas um outro neto que vem de Minas, que sempre esteve quando precisava estar.
Carlos Heitor Cony
Carlos Heitor Cony é membro da Academia Brasileira de Letras desde 2000. Sua carreira no jornalismo começou em 1952 no "Jornal do Brasil". É autor de 15 romances e diversas adaptações de clássicos.

Suspensos repasses de recursos da Saúde para Garanhuns, Lajedo, Caetés e mais 35 municípios de PE.


O Ministério da Saúde suspendeu o repasse de recursos para 38 municípios pernambucanos por conta de irregularidades. Na lista divulgada no Diário Oficial da União, na última sexta-feira, 05 de abril, estão os municípios de: Garanhuns, Caetés, Lajedo, Jurema, Palmeirina, Arcoverde e Pesqueira. 

Os recursos suspensos são os que mantêm o Programa de Saúde da Família, de Saúde Bucal e de Agentes Comunitários de Saúde. O motivo alegado para a suspensão foram irregularidades no ACNES ocorridas no mês de fevereiro. 

Para ver a lista completa dos 539 municípios que tiveram os repasses suspensos, Clique Aqui!

segunda-feira, 8 de abril de 2013


Sindicato das domésticas diz que número de demissões aumentou com a PEC

Rafaella Barros
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Da noite para o dia, R$ 800 a menos no orçamento. Essa é a situação da cuidadora de idosos Maria Aparecida dos Santos, de 65 anos, demitida há uma semana, três dias depois da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 66/2012 , a chamada PEC das Domésticas.
— Meu patrão teve que me mandar embora por causa das horas extras, já que eu trabalhava doze horas por dia. Ele disse que não teria condições de pagar — disse Maria, que cuidava da esposa do patrão, portadora de Alzheimer.
A cuidadora de idosos Maria Aparecida foi demitida na semana passada. Patrão alegou que não poderia pagar horas extras
A cuidadora de idosos Maria Aparecida foi demitida na semana passada. Patrão alegou que não poderia pagar horas extras Foto: Rafaella Barros / Extra
Em choque com a notícia da demissão, Maria chegou a propor ao patrão um documento em que se comprometeria a não acioná-lo na Justiça pelas horas extras não pagas.
— Mas ele ficou com medo de eu ir à Justiça depois e não aceitou. Eu trabalhava das 19h às 7h — conta Maria, que ontem calculava no sindicato se os R$ 1.500 pagos pelo patrão na rescisão estavam corretos.
O patrão, um militar que se identificou apenas como Antônio, contou que se viu obrigado a dispensá-la.
— Eu gostava muito dela, é uma pessoa de confiança. Mas não teria como eu pagar 150 horas extras em um mês. Eu a dispensei e contratei uma empresa. O serviço terceirizado sai pela metade do preço, não tem aviso prévio nem FGTS.
Segundo a presidente do Sindicato das Empregadas domésticas do Município do Rio de Janeiro, Carli Maria dos Santos, o número de demissões cresceu bastante nos últimos dias.
— Não temos números precisos, mas antes da PEC, costumávamos atender 30 pessoas por dia, em média. Agora são 50 — conta Carli.
Acompanhe o noticiário de Economia pelo Twitter @AnoteePoupe


Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/economia/sindicato-das-domesticas-diz-que-numero-de-demissoes-aumentou-com-pec-8032371.html#ixzz2PujMClKY

domingo, 7 de abril de 2013


Premiê de Portugal anuncia novos cortes e diz que tentará evitar novo resgate



O primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, anunciou neste domingo (7) que realizará novos cortes de despesas e fará "todo o possível" para evitar um segundo resgate econômico ao país.
Em discurso televisionado para todo o país, o líder conservador rejeitou a possibilidade de voltar a subir os impostos e anunciou que haverá reduções de despesas em áreas como saúde, seguridade social e empresas públicas.
Ontem, ele recebeu a confiança do chefe de Estado português, Aníbal Cavaco Silva, para concluir sua legislatura.
As medidas serão tomadas para contornar a decisão do Tribunal Constitucional de sexta-feira, que vetou parte do plano de austeridade do governo --como a suspensão de um dos pagamentos extras a aposentados, a taxação do seguro-desemprego e do auxílio-doença e outros cortes sociais.
A decisão dos juízes complicou o trabalho do governo, que tenta cumprir seu objetivo de reduzir o deficit público para 5,5% do PIB (Produto Interno Bruto) até o fim do ano, pois as medidas anuladas têm um impacto de cerca de 860 milhões de euros.
Passos Coelho acatou a decisão, à qual não cabe recurso, mas acusou o tribunal de pôr em risco a recuperação financeira do país e as negociações para alongar os prazos de devolução do resgate pedido em 2011.
Segundo o premiê, a decisão da máxima instância judicial do país acarretará no não recebimento do desembolso, de cerca de 2 bilhões de euros --correspondente ao sétimo lance trimestral de resgate--, porque a avaliação realizada em março ainda não foi encerrada e será necessário agora ouvir a "troika".
O grupo é formado pela Comissão Europeia, o BCE (Banco Central Europeu) e o FMI (Fundo Monetário Internacional).
RECUPERAÇÃO
O primeiro-ministro disse que o Governo português conta com maioria parlamentar absoluta e continuará empenhado em cumprir todos os compromissos do país, sanear as finanças e superar a crise econômica, mas a tarefa será mais difícil com a sentença do tribunal --não só para o Executivo, mas também para todos os portugueses.
Ele considera que Portugal ainda não saiu da "emergência financeira" em que se encontrava quando o atual Governo chegou ao poder --nas eleições antecipadas de junho de 2011-- e tem pela frente "um caminho longo e difícil" para recuperar a credibilidade e a confiança de seus parceiros e credores.
Em um discurso de quase 30 minutos, o premiê destacou que o país não pode ficar "de braços cruzados" ou esperando que a Europa solucione seus problemas porque isso agravaria ainda mais a situação e limitaria sua capacidade de escolha.
OPOSIÇÃO
Logo após seu discurso, vários porta-vozes da oposição de esquerda voltaram pedir a renúncia do primeiro-ministro e criticaram a exigência de novos sacrifícios aos portugueses.
"Haverá os que voltarão à demagogia e acusarão o Governo de desmontar o Estado social, mas o país não dispõe de financiamento e não é capaz de enfrentar parte de suas despesas", advertiu Passos Coelho durante o pronunciamento.
O primeiro-ministro voltou a ser alvo de pedidos de renúncia na quinta e na sexta-feira por causa da decisão do Tribunal Constitucional. Além disso, pesou contra ele a saída de um de seus ministros, no meio do escândalo por sua suposta titulação universitária fraudulenta.

terça-feira, 2 de abril de 2013


Cientistas descobrem proteína que permite edição de DNA

Denominada Cas9, enzima possibilita cortes de pedaços específicos de código genético



Equipe de pesquisa (© Foto: Reprodução)
Equipe de pesquisa (Foto: Reprodução)
Uma Uma Uma Pequena estrutura molecular usada por bactérias para matar vírus pode mudar a maneira como os cientistas editam o DNA de plantas, animais e fungos, revolucionando a engenharia genética. A proteína, chamada Cas9, é uma forma mais precisa de cortar pedaços de DNA. “Isso pode acelerar significantemente o índice de descobertas em todas as áreas da biologia, incluindo medicina, agricultura e engenharia”, afirma Luciano Marraffini, da Rockefeller University.
A revolução biotecnológica que criou drogas para doenças como esclerose múltipla e sementes transgênicas como as da Monsanto foi baseada em métodos relativamente crus de inserção de genes de um organismo em outro.
Há uma década, biologistas têm tentado uma nova abordagem, do tipo biologia sintética, que faz mais alterações genéticas de modo a permitir que seres vivos sejam tratados mais como máquinas que possam passar por engenharia. A habilidade de fazer mudanças modulares no DNA de bactérias e algas primitivas resultou em empresas farmacêuticas e de biocombustível como Amyris e LS9. Mas descobrir como mudar genomas de organismos mais complicados tem sido mais difícil.
Embora seja possível inserir um único gene de uma espécie em outra, é muito mais difícil cortar o código genético em partes específicas, o que permitiria uma edição genética real. Já há técnicas do tipo. Duas delas, inclusive, são consideradas grandes inovações de 2012. Um delas, porém, é muito cara, e a outra não é tão eficiente quanto a Cas9.
Originalmente, Phillipe Horvath e Rodolphe Barrangou, cientistas da Danesco, agora parte da DuPont, estavam tentando encontrar uma maneira melhor de fazer iogurte. Isso porque as bactérias usadas na cultura do leite são particularmente suscetíveis a infecções por vírus fatais, o que afeta a produção. Por décadas, pesquisadores perceberam que essas bactérias tinham estranhos padrões repetidos de DNA espalhados pelo código genético. Horvath e Barrangou descobriram o que eles eram: registros de criminosos.
Ou seja, as bactérias estavam monitorando pedaços de código genético dos vírus que poderiam tentar infectá-las e, de alguma maneira, estavam usando esses códigos para matar os invasores. Era um sistema imunológico primitivo. Horvath percebeu que este conhecimento poderia ser usado para criar bactérias mais resistentes a infecções, que seriam úteis na produção de iogurte e talvez de alguns remédios. Mas ele rapidamente notou outra coisa: as bactérias tinham a habilidade de mirar pedaços específicos de código. Se os cientistas conseguissem destrinchar isso, teriam um novo jeito de editar o DNA.
O estudo de Horvath e Barrangou desencadeou uma corrida para descobrir a arma secreta das bactérias. Obviamente, havia algum tipo de enzima capaz de partir material genético.
Em uma pesquisa publicada no ano passado, Emmanuelle Charpentier da Universidade Umea, da Suécia, e Jennifer Doudna e Martin Jinek, da Howard Hughes Medical Institute, nos EUA, mostraram uma proteína compatível, que chamaram de Cas9. De acordo com o estudo, as bactérias combinavam a Cas9 com material genético para criar moléculas que atacam vírus. Como humanos, as bactérias mantêm seu código genético em uma biblioteca de moléculas de DNA. Mas, para usar o código, o organismo copia o DNA para outra molécula, o RNA. A Cas9 pode ser disposta ao lado de uma transcrição de RNA para encontrar uma sequência igual de DNA e cortá-la. Assim, os cientistas podem escolher o local da edição. O resultado é uma espécie de editor de filmes analógico.
George Church e seus colegas de Harvard mostraram que poderiam usar o sistema para fazer múltiplos cortes de uma só vez e, melhor, industrializar seu uso. Jennifer Doudna já montou sua própria empresa, a Caribou Biosciences, para vender seu trabalho.

segunda-feira, 1 de abril de 2013


Rendimento dos alunos de matemática piora entre o 5º e o 9º ano


O percentual de estudantes com rendimento adequado em matemática na rede pública do país cai ao longo dos anos do ensino fundamental, mostra estudo que comparou a evolução de alunos entre 2007 e 2011.
A constatação é de levantamento inédito da ONG Todos pela Educação, que detalha a evolução do rendimento dos alunos de escolas públicas do país na Prova Brasil, exame do governo federal.
O percentual de estudantes com rendimento adequado na disciplina de uma turma caiu de 22% no quinto ano, em 2007, para 12%, quando ela chegou ao último, em 2011.
Ou seja, 88% deles não sabiam calcular porcentagens ou a área de uma figura plana ou mesmo ler informações em um gráfico de colunas. E levam essa defasagem para os ensinos médio e superior.
Em língua portuguesa, o recuo entre as séries não foi tão intenso (26% para 23%).
s
Uma das explicações mais citadas por especialistas é a falta de professores na área. É na etapa final do fundamental que os alunos passam a ter aulas com docentes especialistas nas matérias.
"Um jovem com habilidade em matemática pode ter salários mais altos se for para engenharia, para bancos. Poucos querem lecionar", disse o professor Rogério Osvaldo Chaparin, do Centro de Aperfeiçoamento do Ensino da Matemática, da USP.
No último levantamento federal, matemática apareceu como a área de maior deficit de professores (65 mil).
Igor Willian, 17, ficou quase 2010 inteiro sem docente da disciplina, na zona leste da capital. "Até hoje tenho dificuldade com matemática, física e química, porque fiquei aquele ano no pátio."
Ele recorreu ao Henfil, cursinho popular, para diminuir a defasagem. "Gostaria de fazer engenharia civil, mas tenho medo dos cálculos."
Para a gerente da área técnica do Todos pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, há dificuldades adicionais nos anos finais do fundamental.
Uma delas é que os alunos são divididos entre municípios e Estados. "O final do fundamental fica num limbo, quase sem políticas para melhoria. E em matemática o problema fica mais evidente, porque há uma sequência difícil de recuperar depois", diz.