quinta-feira, 8 de maio de 2014

Confissão de incompetência


A presidente Dilma Rousseff reuniu dez mulheres jornalistas para afirmar sua satisfação diante do pífio desempenho econômico do Brasil e sua incapacidade de imaginar um país com inflação menor e prosperidade maior. Não há problemas sérios e em 2015 "o Brasil vai é bombar", garantiu a presidente, como se os desajustes apontados por analistas da imprensa, de consultorias privadas, do setor financeiro e de entidades multilaterais fossem imaginários ou insignificantes.
Não se esperem, portanto, correções na política econômica, em caso de reeleição. Para começar, a tolerância à inflação será mantida, em nome de uma falsa defesa dos trabalhadores e dos brasileiros mais pobres.
"Faz uma meta de inflação de 3% e sabe o que isso significa? Significa desemprego lá pelos 8,2%. Eu quero ver como se mantêm o investimento social e o investimento público em logística com essa meta", desafiou a presidente. Ela poderia evitar essa imprudência se fosse um pouco mais informada e menos dependente de assessores incapazes.
Chile, Colômbia, Equador e Peru, para citar só uns poucos exemplos da vizinhança, têm crescido muito mais que o Brasil com inflação muito menor. No ano passado as taxas de expansão econômica desse grupo ficaram entre 4,2% e 5%. Neste ano devem ser pouco maiores. A menor inflação, de 1,9%, ocorreu na Colômbia. A maior, de 3%, no Chile. O desemprego na Colômbia, de 10,6%, foi o único muito acima da média latino-americana (6,3%). Ficou em 4,6% no Equador, 5,9% no Chile e 6% no Peru.
No Brasil, o dado oficial, repetido pelos organismos internacionais, apontou 5,5% de desocupação, pouco abaixo do nível registrado em países latino-americanos mais dinâmicos e com inflação bem menor. Mas será correto esse número, apurado em seis regiões metropolitanas? Outra pesquisa do IBGE, a Pnad Contínua, realizada em 3.500 municípios, apontou uma desocupação na faixa de 7%, superior à média da América Latina. Por uma extraordinária coincidência, aliados do governo tentaram interromper a divulgação de novos dados dessa pesquisa.
Mas a recusa da meta de 3% está muito longe de corresponder à defesa de uma inflação de 4,5%, a meta em vigor. A inflação acumulada em 12 meses tem ficado em torno de 6% e a presidente, assim como seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem-se mostrado satisfeita com qualquer número até 6,5%, limite da margem de tolerância, impropriamente chamado de "teto da meta". Mas a meta é de 4,5% e nada, nos últimos anos, justificou resultados piores.
Na noite do jantar presidencial, o ministro Guido Mantega também rejeitou, em entrevista à TV Brasil, a redução da meta de inflação. Usou as desculpas de sempre, mencionando choques de preços, como se ocorressem apenas no Brasil. Pelo menos quanto a isso a presidente concordou com seu ministro. Mas ela o desmentiu, ao descartar a ideia de aumento de impostos para reforçar a política fiscal.
"Não sei em que circunstâncias ele falou", explicou a presidente. "Às vezes a gente escorrega em casca de banana." A fala seria mais convincente se ela contasse como seu governo alcançará a meta fiscal prometida para este ano e como se compensarão as perdas acumuladas por empresas do setor elétrico, prejudicadas pela contenção de tarifas imposta pelo governo.
A presidente insistiu em atribuir os problemas brasileiros à crise internacional e em bravatear, comparando o desempenho brasileiro com o de outros países. "Estamos nos saindo muito bem diante da conjuntura mundial." Esse discurso é velho e repetidamente superado pelos fatos. Foi desmentido, nos últimos anos, na comparação do pífio crescimento e da elevada inflação do Brasil com os números de outros países emergentes. Agora é desmentido também quando se compara o déficit nominal das contas públicas brasileiras com os dados dos países mais avançados. O déficit brasileiro tem aumentado e é hoje muito parecido com a média da zona do euro.
A presidente parece acreditar nas próprias palavras. Isso apenas reforça as previsões de tempos ainda muito ruins para a economia brasileira.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

ovo escândalo da JBS Friboi liga BNDES e governos do PT

Tuma Junior diz que relação JBS Friboi com os governos do PT é a maior "lavanderia da história da América Latina"

A Friboi, marca do grupo JBS, apresentou hoje, oficialmente, sua nova campanha publicitária para 2014, com a participação especial de Roberto Carlos (Divulgação)
A Friboi, marca do grupo JBS, apresentou hoje, oficialmente, sua nova campanha publicitária para 2014, com a participação especial de Roberto Carlos (Divulgação)
Mais uma denúncia quente do delegado de polícia e ex-secretário nacional de justiça doGoverno Lula, Romeu Tuma Junior, esquenta o debate político no Brasil em 2014. Depois de desnudar o PT através do livro Bomba, Assassinato de Reputações, Tuminha entrou de sola nos governos do PT ao tratar das eleições deste ano. Ao responder na rede social Twitter ao engenheiro civil e 
professor
 da Universidade Federal do Paraná, Ossami Sakamori, Tuma Junior levantou a bola para um assunto de extrema gravidade. O professor Osssami Sakamori trouxe a Tuma Junior a informação da gigantesca dívida do grupo empresarial JBS Friboi com o BNDES, que beira a R$ 30 bilhões, sendo que a empresa vale apenas R$ 8 bilhões. (Veja matéria abaixo)
A coisa engrossou quando o professor da Universidade do Paraná informou a Tuma Junior que o Grupo JBS Friboi bancará a campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2014. O ex-secretário nacional de justiça do governo Lula, um homem dos mais bem informados da república, bateu pesado ao responder Ossami Sakamori. Tuminha garante que quando tudo vier à tona quanto a relação JBS Friboi e Governos do PT, o Brasil verá o aquilo que ele diz ser “A MAIOR LAVANDERIA DA HISTÓRIA DA AMÉRICA LATINA”.
Friboi deverá financiar Dilma 2014.
Folha de SP (29.04)
Sob o argumento de promover a internacionalização e reduzir a informalidade, o BNDES injetou, por meio da compra de ações e títulos, R$ 12,8 bilhões em frigoríficos como JBS, Marfrig e Independência desde 2007. A cifra corresponde a 9% do orçamento do banco em 2014.
Folha de SP (05.01)
Em meio às celebrações da virada do ano, o BNDES selou um acordo para, mais uma vez, favorecer o grupo Marfrig, um dos “campeões nacionais” do governo Lula. Com uma dívida de quase R$ 6,7 bilhões e valendo R$ 2,1 bilhões na Bolsa, o Marfrig está numa situação financeira muito delicada. Em meados de 2013, o grupo repassou a Seara ao concorrente JBS, que assumiu R$ 5,85 bilhões em dívidas.
Comentário
Sempre, as notícias vem em conta gotas.  Mas, as maracutaias dos governos Lula & Dilma, pelo menos no âmbito do BNDES, estão blindadas.  O dinheiro dos empréstimos ou participações do banco de fomento federal, somem no ralo, sem dar mínima explicação ao mercado e ao contribuinte.  Foi o que aconteceu com os empréstimos do BNDES, no montante declarado pelo próprio BNDES em R$ 10,6 bilhões concedidos ao grupo OGX.  Simplesmente, ninguém explicou para onde foi parar.
As notícias que a Folha levantou, fala-se em passivo do grupo de empresas frigoríficos junto ao BNDES em R$ 12,8 bilhões, que aparentemente corresponde às participações acionárias aos grupos de empresas citadas, via BNDESpar, braço de participação financeira do banco de fomento federal, BNDES.  Isto é valor de aquisição das ações das companhias citadas no boom da Bolsa de Valores.  Hoje, no mercado este montante de investimento deve estar valendo cerca de 20% do valor colocado pelo BNDES.
As notícias da Folha apontam que o Marfrig se encontra em situação delicada.  Consta na notícia, também, que o JBS, outra empresa do ramo de frigorífico, assumiu uma dívida junto ao BNDES no montante de R$ 5,85 bilhões na aquisição da empresa Seara pertencente ao Marfrig, para não deixar o Marfrig naufragar de vez.  Foi dada uma espécie de sobrevida ao Marfrig para evitar outro escândalo igual ao da empresa OGX do Eike Batista.
Há um inquérito correndo na área da Justiça Federal do estado de Rio de Janeiro, em investigação pelo MPF/RJ, sobre os empréstimos suspeitos do BNDES ao grupo Marfrig.  Consta do inquérito, que a empresa Marfrig teria contratado uma empresa de consultoria que pertencia ao atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho.  As maracutaias são feitas, intra muro, para evitar vazamento de informações negativos. O papel manipulado, aceita tudo!  Assim como, a situação real da OGX foi escondida pelo próprio BNDES ao mercado acionário e ao público em geral.
O grupo Marfrig é apenas ponta de “iceberg” dos empréstimos fajutos do BNDES aos frigoríficos.  Isto, não sou eu que estou a afirmar, mas no mercado financeiro, até engraxate da Bovespa sabe que o rombo maior vem da empresa JBS.  Para quem não sabe, com a ajuda do Lula & Dilma, o grupo se tornou maior empresa no setor de frigoríficos, senão, o maior faturamento do Brasil.  Isto não quer dizer muita coisa.  A maior empresa montadora nos EEUU, a GM, quase foi a pique, na crise financeira americana de 2008, se não fosse socorro do Obama.
O setor de frigoríficos é uma segmento que a margem da rentabilidade operacional é quase nula.  A JBS não ganha no operacional, mas sim no financeiro, tanto quanto a GM ganhava no financeiro ao invés de operacional, produzindo seus veículos.  O grupo JBS está na corda bamba há muito tempo.  Estima o mercado que o grupo JBS deve ao sistema BNDES, com empréstimos subsidiados, o Bolsa Empresário, um montante que beira R$ 30 bilhões.  O patrimônio líquido da JBS é de R$ 8 bilhões, segundo balancete de 3ºT/ 2013, do próprio JBS, descontados os R$ 14,8 bilhões de valores intangíveis.
Bem, o conglomerado JBS, é dos outros Batistas, o Joesley e Wesley Batista, famosos também no “jet set” nacional e internacional, com iate de US$ 40 milhões comprado indiretamente com o dinheiro do BNDES e seus jatinhos cruzando o País de norte ao sul, acontecem no mundo social, também.
Estes Batistas, tem comportamento megalomaníaco do outro Batista, o estelionatário Eike Batista.  Acontecem e esbanjam o dinheiro nosso, o suado dinheiro do sistema BNDES.  Os dois irmãos, são empresários que não têm 40 anos de idade e não herdaram fortuna dos pais.  Ambos os Batistas tem em comum os padrinhos Lula & Dilma.  Isto explica.
Enquanto permanecer os governos Lula & Dilma, os  Batistas das carnes Friboi do Tony Ramos, estarão na mídia e estarão blindados com o dinheiro fácil do BNDES.  Só para lembrar, o presidente do Banco Central do Lula, o banqueiro Henrique Meirelles é o principal articulador do grupo junto ao governo da Dilma.  Costa quente eles tem, até demais.  Até quando o grupo JBS vai viver às custas do BNDES, ninguém sabe.  Só Dilma sabe!
JBS/Friboi do conhecido comercial do Tony Ramos é o próximo OGX, a sucumbir, se o governo do PT perder as eleições.  Se Dilma ganhar as eleições, a festa continua!  E cada vez mais o BNDES vai botar nosso dinheiro no Friboi do Tony Ramos.  Com certeza absoluta, O JBS será oprincipal financiador da campanha da Dilma.  Quem sabe, Tony Ramos será o principal mascote da Dilma 2014.
Cai fora, Tony Ramos, e Roberto Carlos antes que Friboi afunde!

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Ingerência política na Eletrobras ajuda a causar rombo de R$ 13 bi desde 2012

  • Este ano, empresa deve fechar no vermelho de novo

RIO - A crise no setor elétrico gera, até o momento, duas expectativas ruins e uma “vítima” real. Para o futuro se espera um forte aumento deconta de luz, que poderá ficar ainda mais cara até 2019, e o temor de racionamento. No presente, a grande perdedora é a Eletrobras. A estatal, que engloba Eletronorte, Eletrosul, Chesf e Furnas, amarga prejuízos bilionários, recebe valores que não cobrem seus custos, atrasa o pagamento de fornecedores, é obrigada a entrar em consórcios pouco conhecidos e com retorno duvidoso e perde seu corpo técnico. Especialistas acreditam que, devido ao prejuízo acumulado em 2012 e 2013, de R$ 13,217 bilhões, a empresa precisará de socorro do governo nos próximos anos. Este ano a conta não deve fechar de novo.
A Eletrobras tem sofrido com a interferência política, usada como braço empresarial para projetos do governo que causaram os atuais desequilíbrios do setor elétrico. Com isso, seu valor de mercadodesabou de R$ 46 bilhões, em 2010, para os atuais R$ 11,094 bilhões, queda de 75,89%.

As decisões para estas participações são baseadas no desejo do governo de fazer
 grandes projetos saírem do papel. Um dos casos mais recentes foi o leilão da Usina Três irmãos, da Companhia Energética de São Paulo(Cesp), quando a estatal apoiou um grupo de fundos de investimentos que não são do setor e As dificuldades da estatal — cuja direção tem forte ligação com o PMDB, mas que está também sob influência direta da presidente Dilma Rousseff, que vem do setor elétrico — não são poucas nem pequenas. A empresa, que em 2006 estava se preparando para se internacionalizar e crescer, começou a ter problemas quando o governo a obrigou a usar suas subsidiárias para participar dos leilões de construção das usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira. Desde então, a estatal entra com mais de 40% em todo grande projeto de energia do país.
sem
 conhecer seus controladores. Na sequência, a Eletrobras teve que assumir seis distribuidoras estaduais que foram federalizadas, geram prejuízos e precisam de aportes altos.
Empresa espera ter lucro este ano
golpe de misericórdia foi dado em 2012, com a Medida Provisória (MP) 579, que tentou baixar à força o preço da energia no país, com uma proposta de renovação antecipada dos contratos do setor em troca de tarifas menores. Para isso, a estatal viu o valor de seus ativos caírem em R$ 10 bilhões e teve que celebrar contratos em que se compromete a vender energia elétrica a R$ 9 o megawatt hora (MWh), preço 92,5% menor que a média de R$ 120 praticada pelo setor hidrelétrico. Para piorar, a estatal, com seu Programa de Demissão Voluntária, tem perdido profissionais competentes, desmontando seu corpo técnico.
— O governo está matando a Eletrobras a agulhadas — afirma Erik Eduardo Rego, do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP.
A Eletrobras diz estar em fase de reestruturação. O objetivo da companhia, oficialmente, é voltar ao azul ainda este ano. “Estão sendo finalizados os estudos para a reestruturação do modelo de gestãoempresarial, da governança corporativa e societária. Eles devem ser apresentados até o fim deste semestre. A empresa deixou de receber receitas no valor de R$ 8,5 bilhões e está, no momento, adequando-se a essa situação”, informou a empresa por e-mail.
Apesar de ser a maior empresa de energia do país, respondendo por 34% da geração nacional e com faturamento anual de R$ 23,8 bilhões, a empresa é apenas a 33ª mais valiosa da Bolsa. Seu valor de mercado (R$ 11,094 bilhões) está inferior ao de outras empresas menores do setor, como Tractebel (avaliada em R$ 20,8 bilhões e com receita anual de R$ 5,6 bilhões), Cemig (valor de mercado em R$ 20,2 bilhões e receita de R$ 14,6 bilhões) e CPFL Energia (avaliada em R$ 18,7 bilhões e receita de R$ 14,6 bilhões).
— O que ocorreu com a Eletrobras eu nunca vi em nenhum outro lugar do mundo. O governo determinou em 2012 a venda do MWh a R$ 9 baseado em estudos do período pós-apagão, quando a estatal teve prejuízo. Este valor não paga os custos. No futuro, o Tesouro Nacionalterá que socorrer a empresa — diz Roberto D’Araújo, presidente do Instituto para o Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico.
Graças à MP 579, diz D’Araújo, outra hidrelétrica vende o MWh a R$ 270 a 15 quilômetros de onde Furnas fornece a R$ 9, ambas geradas no mesmo Rio Grande.
Meta era ser ‘Petrobras do setor elétrico’
Presidente da Eletrobras entre 2003 e 2004, o diretor do Coppe/UFRJ Luiz Pinguelli Rosa recorda da meta central da empresa nos primeirosanos do século: transformá-la na Petrobras do setor elétrico.
— Mas a MP 579 causou uma inviabilidade econômica gigantesca para a empresa. A depreciação foi enorme. O plano de demissão voluntária provocou a perda de bons engenheiros, de bons técnicos. Além disso, há dificuldade de manutenção na estrutura atual e problemas com distribuidoras e geradoras do Norte e do Nordeste.
Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da UFRJ, afirma que a empresa tem que buscar investimentos que aumentem rapidamente seu fluxo de caixa: linhas de transmissão e geração eólica:
— O que vemos na Eletrobras não é um abacaxi, é uma plantação de abacaxis — diz, defendendo que a empresa feche seu capital para ficar menos pressionada.
Karina Freitas, analista da Concórdia Corretora, diz que o problema é a interferência política. Sem isso, a Eletrobras poderia não ter renovado algumas das concessões dentro da MP 579. Para ela os papéis da estatal estão voláteis, ao sabor das pesquisas eleitorais, mas nem a piora da presidente — que pode indicar nova gestão — deve melhorar a cotação das ações.
Funcionários preocupados
A participação da estatal em grandes projetos, com fundos poucos conhecidos, gera desconfiança em Ildo Sauer, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP:
— A Eletrobras é hoje uma muleta para o governo fazer negóciosobscuros. E ela precisou assumir isso depois que o governo reduziu o valor de seu recebimento na canetada, sem estudo, pagando valores inexequíveis.
Na semana passada, os funcionários fizeram greve de dois dias para cobrar o pagamento da participação nos lucros e resultados. Segundo a Associação dos Empregados da Eletrobras (Aeel), a empresa alega que não houve lucros para o pagamento das bonificações.
Procurado, o governo informou “que os entes públicos que falam sobre o setor elétrico são: Eletrobras, Ministério de Minas e Energia, EPE, ONS e Aneel. Sobre aporte do Tesouro, a fonte deve ser o Ministério da Fazenda”.

domingo, 4 de maio de 2014

A diplomacia fantástica e a política da estagnação



governo estuda um novo pacote de ajuda às montadoras - mais um de uma longa série. Na Venezuela persiste a escassez de alimentos e até de papel higiênico. Prolonga-se o impasse nas negociações comerciais entre o Mercosul e a União Europeia. Mais do que nunca o Brasil depende da exportação de matérias-primas para o mercado chinês, numa relação semicolonial. A economia brasileira deve crescer entre 2,3% e 2,5% este ano, segundo o governo, ou nem 2%, segundo outras fontes, perdendo o bonde da recuperação global. Todos esses fatos estão estreitamente relacionados. São aspectos e consequências da opção do governo brasileiro, a partir de 2003, pela diplomacia da mediocridade, pelo caminho fácil do mais chinfrim populismo e pelo desfrute político e pessoal da administração pública. A decadência da Petrobrás, rebaixada de empresa a instrumento das fantasias, caprichos e interesses políticos da Presidência da República, também é parte desse filme.
A exportação rendeu às montadoras US$ 2,9 bilhões no primeiro trimestre deste ano, 15,3% menos que de janeiro a março de 2013. Os números foram publicados pela associação das indústrias. A produção de autoveículos foi 8,4% menor que a de um ano antes. Os empresários atribuem os problemas em parte à retração do mercado interno e em parte às dificuldades de embarques para a Argentina, destino de cerca de 80% da exportações brasileiras de veículos.
Há algo obviamente errado nessa dependência. O Brasil importa carros tanto de países avançados quanto de economias emergentes e de industrialização recente, como Coreia, China e Índia. Nenhum desses parceiros emergentes era mais industrializado que o Brasil nos anos 70, mas todos, hoje, produzem marcas próprias, vendem para todo o mundo e até investem por aqui. Sempre muito protegida, a indústria automobilística brasileira ainda se acomodou nos estreitos padrões da diplomacia comercial petista, concentrando suas exportações na vizinhança. Com isso, aceitou uma dependência excessiva do mercado argentino e, portanto, de um dos governos mais incompetentes, mais populistas e menos confiáveis do mundo.
diplomacia da mediocridade amarrou o Brasil a um Mercosul estagnado, entravado porbarreiras comerciais até no interior do bloco, e deu prioridade, na região, a relações compaíses comandados por governos autoritários. Num desses países, o governo realizou o quase milagre de converter uma das maiores potências petrolíferas numa economia com gravíssimos problemas de abastecimento, inflação acima de 50% ao ano e escassez de dólares.
Sem
 reservas cambiais, o governo venezuelano recentemente reteve US$ 3,9 bilhões decompanhias aéreas estrangeiras. Sem matéria-prima, a indústria Alimentos Polar suspendeu a produção de duas marcas de massas em uma de suas fábricas, segundo informou nesta semana o boletim colombiano Notas Confidenciales, especializado em notícias regionais.
A crise do papel higiênico, um escândalo no ano passado, nunca foi inteiramente superada. Uma estatal desse país, a PDVSA, deveria ter sido parceira da Petrobrás na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Mais uma vez a fantasia diplomática do presidente Luiz Inácio Lula da Silva resultou em custoso fracasso, perfeitamente compatível com os atrasos de pagamentos a exportadores brasileiros.
Ainda fiel a esse terceiro-mundismo de circo, a presidente Dilma Rousseff seguiu a companheira Cristina Kirchner, em junho de 2012, na manobra para suspender o Paraguai do Mercosul e facilitar o ingresso da Venezuela.
A opção pelo realismo fantástico da diplomacia Sul-Sul, subproduto de um esquerdismo infantil, produziu o primeiro resultado em 2003-2004, quando os presidentes Lula e Kirchner decidiram liquidar o projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Essa decisão condenou o Mercosul a perder o bonde da integração no mercado global, enquanto outros países sul-americanos negociavam acordos com os Estados Unidos e outros mercados desenvolvidos.
Lula e seus grandes conselheiros diplomáticos selecionaram como parceiros estratégicosalguns dos maiores emergentes - China, Rússia, Índia e África do Sul. Os governos desses países jamais incluíram o Brasil entre seus parceiros prioritários. Tinham outros objetivos e sempre se esforçaram muito mais para ampliar o comércio com as maiores economias capitalistas. Sem acesso preferencial ao mundo rico - até porque a Argentina sempre dificultou o acordo com a União Europeia -, o Brasil perdeu espaço no mercado internacional de manufaturados. Passou a depender muito mais do que antes da exportação de produtos primários e facilmente se converteu em fornecedor de matérias-primas para a economia chinesa.
Não há nada errado em exportar matérias-primas. Mas é um erro enorme tornar-se muito dependente desse tipo de exportação enquanto a indústria nacional perde dinamismo, competitividade e participação até em seus principais mercados, como a América do Sul.
política interna, marcada por uma combinação de populismo, gastança federal, baixo investimento, desleixo com a educação, protecionismo, aparelhamento e loteamento do governo e de suas empresas, tolerância à inflação e desprezo à produtividade, levou a indústria à estagnação e erodiu as contas externas. A economia cresceu em média 2% ao ano entre 2011 e 2013 e talvez nem isso seja alcançado em 2014.
A presidente Dilma Rousseff é apenas parcialmente responsável pelo descalabro. A destruição começou no governo de seu antecessor. A prosperidade internacional puxava o Brasil, ainda restava boa parte dos fundamentos criados nos anos 90 e a demolição era menos visível, mas estava em marcha. Subdesenvolvimento, escreveu Nelson Rodrigues, não se improvisa.

sábado, 3 de maio de 2014

IBGE sob ataque

Para evitar que informações negativas sobre o desempenho da economia causassem danos à candidatura de Dilma Rousseff, governo intervém politicamente no IBGE, um respeitado órgão público que deveria primar pela independência

Claudio Dantas Sequeira (claudiodantas@istoe.com.br) e Wilson Aquino (waquino@istoe.com.br)
É comum que em regimes de exceção o governo manipule dados oficiais para tentar legitimar-se no poder e não perder apoio popular. Numa democracia, esse tipo de atitude é condenável. Mas foi exatamente isso que o governo federal decidiu fazer. Levando ao pé da letra aquela máxima do ex-ministro de FHC, Rubens Ricupero, de que “o que é bom a gente mostra, e o que é ruim a gente esconde”, o governo impediu que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgasse este ano o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). Este é um estudo novo desenvolvido com amostragem e abrangência diferentes da tradicional Pesquisa Mensal de Emprego (PME) com a qual o IBGE avalia a situação do mercado de trabalho no País. Ao não divulgar o levantamento, o objetivo do governo foi o de evitar que se desse conhecimento à população que o desemprego em 2013, nessa nova pesquisa, chegou a 7,1% na média nacional, que o Nordeste registra índice de 9,5%, quase o dobro do do Sul, e que 20% dos jovens nordestinos aptos para o mercado não têm ocupação.
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REAÇÕES
Técnicos do IBGE protestaram em frente à sede do instituto
no Rio, na quarta-feira 16, contra a ingerência do governo Dilma
A divulgação dos dados agora poderia ser usada para contrapor-se ao patamar de 5% de desemprego ostentado pelo governo Dilma com base no PME, seu estudo tradicional. O PNAD considerou uma amostra de 211 domicílios de 3,5 mil municípios. É, portanto, muito mais abrangente do que a pesquisa que vem sendo divulgada pelo governo, baseada em cálculos de seis regiões e não no Brasil inteiro. Apesar dessa inequívoca constatação, orientados pelo Planalto, parlamentares de base de apoio ao governo no Congresso passaram a questionar a nova metodologia.
Antes mesmo de conhecidos os números da pesquisa, a ex-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que hoje lidera a tropa de choque do governo no Senado, encaminhou requerimento à ministra do Planejamento, Miriam Belchior, propondo discutir a nova sistemática do IBGE “com os senadores e governos estaduais, inclusive com os próximos governos eleitos”. O requerimento ao Planejamento foi a senha para que a presidente do IBGE, Wasmália Socorro Barata Bivar, suspendesse a divulgação da PNAD e decidisse criar um grupo de trabalho para rever a metodologia. Bivar só não esperava a forte reação dos técnicos, que ficaram indignados com a ingerência política.
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Em meio à polêmica, a diretora de Pesquisa, Márcia Quinstlr, e a coordenadora da Escola Nacional de Estatísticas, Denise Britz, pediram exoneração de seus cargos. Outros coordenadores ameaçam segui-las e 45 técnicos também se manifestaram por meio de um abaixo-assinado, prometendo cruzar os braços caso a pesquisa não seja divulgada. “Instalou-se no IBGE um clima geral de indignação e estranhamento”, acusou o sindicato nacional dos funcionários do instituto, ASSIBGE. Na quarta-feira 16, cerca de 200 servidores se reuniram para protestar em frente à sede da Diretoria de Pesquisas do órgão, no número 500 da Avenida Chile, no centro do Rio. “O IBGE não pode submeter a metodologia de uma pesquisa que já está em campo à vontade de políticos atuais ou de candidatos”, bradava ao microfone o técnico Antônio Ângelo. Ele reclamou que a decisão de suspender a divulgação da PNAD sequer foi levada a conhecimento prévio do corpo técnico.
Diretora da ASSIBGE, Ana Magni reclamou da tutela partidária num órgão reconhecido pelo rigor científico. “Nosso trabalho é rigorosamente construído a partir de conceitos científicos e padrões técnicos e não pode ser adaptado a qualquer mudança legislativa ou política, que muitas vezes envolve interesses particulares ou específicos”, afirmou. Suzana Lage Drumond, também da ASSIBGE, concorda. “Agora é a PNAD Contínua, amanhã é outro projeto. A autonomia do IBGE está em primeiro lugar e não vamos abrir mão disso”, disse. Para Suzana, há uma clara tentativa de subjugar o órgão aos interesses dos governantes de plantão, uma estratégia que passa pelo sucateamento do IBGE, com cortes orçamentários e a terceirização da mão de obra, em vez da realização de concursos públicos. O quadro de funcionários é antigo e 70% devem se aposentar até 2015. A ASSIBGE compara a situação atual com o que ocorreu na Argentina, em 2007, quando o então presidente Nestor Kirchner, insatisfeito com o alto índice de inflação, determinou intervenção no Instituto Nacional de Estatísticas e Preços (Indec), o IBGE de lá.
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DEMISSÃO
Proibida de divulgar levantamento desfavorável ao governo, 
a diretora de Pesquisa do IBGE, Márcia Quinstlr, pediu para sair
 
Na última semana, a presidente do órgão empreendeu uma ginástica verbal para rejeitar a tese de interferência política. Sem conseguir se explicar com clareza, ela acabou atribuindo a suspensão da divulgação dos resultados a um mero “equívoco” na interpretação sobre o prazo para a entrega dos dados de renda domiciliar. Em texto publicado na internet, a Executiva da ASSIBGE deu outra versão. “Foram 14 edições do Fórum SIPD (Sistema de Pesquisas Domiciliares) e dezenas de eventos nacionais e internacionais que contaram com representações governamentais, institutos de pesquisa, universidades e ampla participação da sociedade em geral nesta formulação”, acrescenta.
Alçada ao cargo por Dilma em 2011 como primeira mulher a comandar o IBGE, Wasmália Bivar provém dos quadros do próprio instituto, assim como seu antecessor, Eduardo Pereira Nunes. Como técnicos, deveriam primar pela manutenção da independência de um órgão que se tornou referência nacional e internacional desde sua fundação em 1938. Mas, ao longo de sua história, o IBGE já foi alvo de ataques semelhantes. Na década de 1970, o instituto mostrou que o chamado “Milagre Econômico” da ditadura não se refletiu em distribuição de renda. É conhecido o episódio em que o então ministro da Fazenda Delfim Neto tentou forçar a FGV a manter o índice de inflação em 15%, enquanto o IBGE cravava uma taxa de 26%. No início da década de 1990, o ex-presidente Fernando Collor, insatisfeito com os resultados desfavoráveis disseminados pelo IBGE, tentou esvaziar o instituto, ao deixar de contratar os 180 mil temporários para a realização do Censo. Em vão. Desde então, o IBGE se autoproclamou a “ilha de resistência” às tentações da “direita pelega” em manipular as estatísticas. Passou a atuar sob influência do chamado “núcleo de economistas” do PT, que aos poucos galgaram a postos de comando, sobretudo depois da chegada de Lula ao poder. Infelizmente, o que se vê agora é a negação desse passado.
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Intromissões indevidas
Não é apenas o IBGE que tem sua credibilidade arranhada com uma inoportuna intromissão política em sua gestão e métodos de trabalho. Há poucas semanas, por vias distintas, mas não menos inadequadas, o IPEA havia revelado surpreendente fragilidade técnica ao errar feio numa pesquisa sobre o percentual de brasileiros que justificariam agressão às mulheres que usassem roupas provocativas. A queda de qualidade nos serviços prestados por uma das mais respeitadas instituições de pesquisas do Brasil, responsável histórica por embasar o planejamento econômico nacional, é fruto, segundo seus próprios técnicos, da “ideologização” de suas funções, agora dirigidas a marqueteiros interesses governamentais.
Escândalos recentes também mostram que outro símbolo de excelência do Estado brasileiro – a Petrobras – vem sendo abalado por conta do aparelhamento político que, além de provocar o gigantismo da estatal, leva a decisões estapafúrdias. Em parte, é essa uma das razões que levaram a empresa a perder R$ 201 bilhões de patrimônio e vale hoje metade do que valia em 2010. A mistura de aparelhamento e política populista não costuma ter resultados positivos.
A combalida Eletrobrás, que nunca foi um modelo de gestão, já acumula uma conta de cerca de R$ 20 milhões que deve estourar no ano que vem, tudo para atender aos desejos do Palácio do Planalto.
Conta-petróleo tem déficit de US$ 6 bi nos primeiros quatro meses do anoApesar do saldo negativo, o desempenho é melhor que o registrado no mesmo período de 2013, quando havia déficit de US$ 8,5 bilhões


A conta-petróleo, que mostra as exportações e importações de petróleo e derivados, está deficitária em US$ 6 bilhões no primeiro quadrimestre deste ano. Apesar do saldo negativo, o desempenho é melhor que o registrado no mesmo período de 2013, quando havia déficit de US$ 8,5 bilhões. Houve melhora nas exportações da commodity, que cresceram 9,1% de janeiro a abril ante o mesmo período do ano passado. A maior parte do crescimento concentrou-se em abril, com alta de 27% nas vendas externas na comparação com igual mês de 2013. 
Sem
 o petróleo, a balança comercial, negativa em US$ 5,56 bilhões no ano, estaria positiva em US$ 493 milhões.

No ano passado, o petróleo foi responsável por vários resultados negativos na balança comercial. A parada para manutenção de plataformas brasileiras e o aumento da demanda interna por combustíveis contribuíram para queda nas vendas e alta nas importações brasileiras. No início de 2013, a balança também sofreu o impacto de importações tardiamente registradas do produto, em função de uma mudança nas regras da Receita Federal. Para 2014, o governo anunciou normalização da situação, o que ainda não ocorreu completamente. O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Daniel Godinho, disse nesta sexta-feira (2/5), ao comentar os resultados da balança comercial em abril, que a situação atual da conta-petróleo está de acordo com as expectativas do governo. “É coerente com o que nós vínhamos anunciando”, disse.


Godinho citou ainda o aumento de 17,4% nas exportações brasileiras para os Estados Unidos, nos quatro primeiros meses do ano ante igual período de 2013. Segundo ele, as elevações sucessivas nas vendas para os norte-americanos são suficientes para afirmar que há uma tendência de ampliação do comércio com aquele país. “De nove meses, [as exportações para os Estados Unidos] cresceram em oito. Com a série um pouco mais longa, é possível afirmar que há uma tendência. [O movimento é puxado por produtos utilizados na construção civil]. O Brasil acompanha o crescimento da economia norte-americana”, disse.

As vendas para a China também cresceram nos quatro primeiros meses do ano em relação a igual período de 2013, com alta de 14,6%. Para os chineses, os produtos mais vendidos foram soja, petróleo e minério de ferro. As exportações para a Argentina, por outro lado, caíram. De janeiro a abril, as vendas para o país vizinho recuaram 16,3% na comparação com os mesmos meses do ano passado. A queda é puxada principalmente por automóveis e autopeças. Houve também queda das aquisições brasileiras no país vizinho, de 19,9%. O Brasil comprou menos trigo, veículos e peças. 

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 506 milhões em abril. O resultado é o melhor de 2014, já que em janeiro e fevereiro houve déficit e, em março, superávit de US$ 112 milhões. Além da melhora no desempenho do petróleo, o volume embarcado de produtos básicos, principalmente soja, contribuiu para o resultado, além de queda de 2,2% nas importações no mês.