sexta-feira, 3 de julho de 2015












Aids: cientistas descobrem exatamente a origem geográfica da doença


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Um novo estudo revela, pela primeira vez, onde, quando e como a pandemia mundial da Aids se originou. Graças a uma análise estatística de todos os dados genéticos disponíveis sobre o vírus da imunodeficiência humana (HIV), uma equipe internacional de pesquisadores acaba de confirmar que o flagelo eclodiu em 1920, em Kinshasa, a capital do que é hoje a República Democrática do Congo. Ao comparar este resultado com dados históricos, os pesquisadores explicam como, a partir de uma única contaminação por um chimpanzé, o HIV se espalhou para os seres humanos.
A Aids é uma das doenças mais devastadoras da história da humanidade. Desde a sua transmissão aos seres humanos por grandes macacos, o patógeno responsável, o vírus da imunodeficiência humana (HIV) já infectou 75 milhões de pessoas. No entanto, 30 anos após a descoberta de sua existência, pouco se sabia sobre a cadeia de eventos na origem da pandemia global. Uma equipe internacional, liderada pelas universidades de Oxford, na Inglaterra, e Louvain, na Bélgica, em colaboração com pesquisadores do IRD, organização sem fins lucrativos que busca ajudar populações vulneráveis ao redor do mundo, acaba de publicar um novo estudo que revela como a pandemia começou e se espalhou.

Graças ao sequenciamento do genoma do vírus e as mais recentes técnicas filogeográficas, os pesquisadores recriaram a história genética da epidemia.
Eles compararam a diversidade genética dos vírus coletados nos países da bacia do Congo, considerados potenciais locais de origem. O resultado: a origem do flagelo foi Kinshasa, a capital do que é hoje a República Democrática do Congo, e remonta a 1920.
Uma vez que a origem geográfica do HIV foi determinada, os cientistas foram capazes de ligar os seus dados genéticos sobre a evolução do vírus com os dados históricos, para determinar as circunstâncias que permitiram a sua eclosão em Kinshasa e sua propagação entre as populações humanas. Arquivos coloniais belgas no ex-Zaire revelam que, no início do século, uma grande quantidade de comércio ocorreu por via fluvial (marfim, borracha, etc) entre o sudeste de Camarões e Kinshasa. Isso poderia explicar por que a epidemia humana eclodiu na capital congolesa, e não em Camarões, onde os chimpanzés que contaminaram os humanos são encontrados.
Em seguida, entre 1920 e 1950, a urbanização e o desenvolvimento dos transportes, em especial ferrovias, fez de Kinshasa uma das cidades mais conectadas na África Central. No final da década de 1940, mais de um milhão de pessoas passaram pela cidade a cada ano para chegar ao norte ou ao sul do país ou viajar para países vizinhos. Esta mistura de fatores, combinados com a adaptabilidade genética do vírus, levou a sua propagação muito rápida em todo o país (que é tão grande como a Europa Ocidental), bem como focos secundários no sul e leste da África. Mais tarde, após a década de 1960, outras mudanças sociais, tais como o aumento da prostituição e o uso de agulhas não esterilizadas em iniciativas de saúde pública, contribuíram para transformar pequenos surtos de infecção em uma pandemia real.

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