segunda-feira, 25 de junho de 2018

Plano radical para exterminar mosquitos transmissores de doenças recebe um importante financiamento da Fundação Gates

Por , em 25.06.2018
Os mosquitos são os animais mais mortíferos da Terra: eles eliminam cerca de 830.000 pessoas em todo o mundo a cada ano, de acordo com o Gates Notes.
A maioria dessas mortes (mais de 440.000) são casos de malária, doença transmitida por um parasita unicelular carregado por mosquitos fêmeas quando nos picam e sugam nosso sangue.
A Fundação Bill e Melinda Gates faz parte de uma cruzada para erradicar essa e outras doenças mortais transmitidas por mosquitos. Até agora, já doaram cerca de US$ 2 bilhões em subsídios para combater a malária.
O último investimento da fundação, de US$ 4,1 milhões, acaba de ser conferido a uma nova abordagem radical contra a condição: consiste em liberar para o meio ambiente diversos mosquitos machos modificados geneticamente, construídos para essencialmente matar seus próprios filhos.

Oxitec

A fundação firmou um acordo de cooperação com a Oxitec, empresa sediada no Reino Unido, para desenvolver os mosquitos geneticamente alterados.
  • Pesquisadores liberam centenas mosquitos da dengue infectados com bactéria
  • A Oxitec, empresa de engenharia genética que surgiu da Universidade de Oxford em 2002, já fez experimentos anteriormente com mosquitos modificados. A Fundação Gates já injetou pelo menos US$ 5 milhões na Oxitec para criar tais linhagens de mosquitos assassinos em 2010.
    Algumas cepas foram implantadas no Brasil, nas Ilhas Cayman e no Panamá para ajudar a matar o Aedes aegypti, por exemplo, um inseto que pode transmitir zika, dengue e febre amarela. Em certos locais, eles reduziram as populações selvagens de Aedes aegypti em cerca de 90%.

    A nova empreitada

    Os mais novos mosquitos serão lançados para acasalar com fêmeas naturais portadoras de malária.
    Uma vez que apenas as fêmeas picam, os insetos de laboratório não são uma ameaça para a população. Em vez disso, eles se acasalarão com as fêmeas e passarão um gene “autolimitante” para seus descendentes. Esse gene deve matar as futuras gerações de mosquitos fêmeas antes que elas atinjam a idade adulta, fase em que normalmente picam seres humanos.
    Os machos podem continuar acasalando com fêmeas por mais dez gerações, embora o processo não seja perfeito. Em um teste no Panamá, a Oxitec acabou liberando cerca de uma fêmea geneticamente modificada para cada 10.000 machos, mas a empresa afirmou que essas fêmeas são livres de doenças e morrem em dias.

    Dificuldades

    Encontrar novas formas de combater a disseminação da malária está se tornando cada vez mais urgente porque os casos da doença, que haviam caído 62% entre 2000 e 2015, aumentaram desde então em todo o mundo.
    Além disso, os cientistas acham que alguns dos parasitas que causam as formas mais mortais da malária estão se tornando mais resistentes às drogas que usamos para tratá-la.
    Os novos mosquitos da Oxitec podem estar prontos para testes de campo até 2020, o que ofereceria uma bem-vinda esperança, mas a empresa tem enfrentado resistência da população quanto ao uso de táticas de engenharia genética.
    A Oxitec espera testar alguns de seus mosquitos feitos em laboratório em Florida Keys, nos EUA, nos próximos meses, mas os residentes já expressaram oposição feroz à ideia no passado. Em 2016, os locais votaram contra a permissão para que os mosquitos geneticamente modificados fossem liberados em Keys.

    Preocupação real?

    A Oxitec não é a única empresa que está tentando usar mosquitos transgênicos para a prevenção da malária.
    Um grupo de cientistas do Imperial College London, no Reino Unido, também está trabalhando em uma mutação que essencialmente esterilizaria mosquitos fêmeas portadores de malária. Esses mosquitos ainda não saíram do laboratório.
    Grupos ambientalistas como a Federação Amigos da Terra Internacional, entretanto, se colocam vigorosamente contra os mosquitos geneticamente modificados, argumentando que não sabemos como essas criaturas podem impactar o frágil equilíbrio dos ecossistemas do planeta.
    Os cientistas afirmam que o objetivo de liberar mosquitos geneticamente modificados não é matar todos eles, mas sim causar um impacto maior em doenças como zika e malária.
    “Se tivermos sucesso, as pessoas nem perceberão”, disse o biólogo molecular Tony Nolan, que trabalha com mosquitos transgênicos no Imperial College London, à Smithsonian Magazine. “Haverá muitos mosquitos por aí”. [ScienceAlert]

    terça-feira, 5 de junho de 2018

    studo descobre 121 exoplanetas gigantes que podem ter luas habitáveis

    Por , em 5.06.2018
    Pesquisadores liderados pela Universidade da Califórnia em Riverside (EUA) e pela Universidade do Sul de Queensland (Austrália) identificaram 121 exoplanetas gigantes que podem hospedar luas capazes de suportar a vida como a conhecemos.
    O trabalho guiará a busca de futuros telescópios capazes de detectar tais luas e procurar sinais de vida, chamados de bioassinaturas, em suas atmosferas.

    Gigantes gasosos e suas luas

    Desde o lançamento do telescópio Kepler da NASA em 2009, os cientistas identificaram milhares de planetas fora do nosso sistema solar, chamados de exoplanetas, que podem ser, assim como a Terra, capazes de abrigar a vida.
    Um dos principais objetivos da missão Kepler é identificar planetas que estão nas zonas habitáveis de suas estrelas, o que significa que sua superfície não é nem muito quente nem muito fria para que a água líquida exista, um dos requisitos para a vida.
    Os planetas rochosos ou terrestres (como o nosso) são os principais alvos dessa busca, porque podem ser geologicamente e atmosfericamente semelhantes à Terra.
    No entanto, existe um outro lugar interessante para procurarmos: os gigantes de gás (como Júpiter) que, embora não sejam candidatos para ter vida extraterrestre em si próprios, podem abrigar luas rochosas, chamadas de exoluas, capazes de sustentar a vida.

    Possibilidades múltiplas

    Os pesquisadores identificaram 121 planetas gigantes que têm órbitas dentro das zonas habitáveis de suas estrelas.
    Com mais de três vezes o raio da Terra, esses planetas gasosos são menos comuns que os terrestres, mas espera-se que cada um deles abrigue várias grandes luas.
    “Existem atualmente 175 luas conhecidas orbitando os oito planetas do nosso sistema solar. Embora a maioria dessas luas orbitem Saturno e Júpiter, que estão fora da zona habitável do sol, pode não ser o caso em outros sistemas solares”, disse Stephen Kane, professor de astrofísica planetária na Universidade da Califórnia.
    Os cientistas especulam que as exoluas podem proporcionar um ambiente favorável à vida, talvez até melhor do que a Terra. Isso porque recebem energia não apenas de sua estrela, mas também da radiação refletida de seu planeta.

    Próximos passos

    Incluir essas possíveis luas em nossa busca por vida no espaço expandirá grandemente nossas chances, mas, até agora, nenhuma foi confirmada – o primeiro passo foi apenas identificar os planetas que podem tê-las.
    “Agora que criamos um banco de dados dos planetas gigantes conhecidos na zona habitável de suas estrelas, observações dos melhores candidatos para hospedagem de exoluas serão feitas para ajudar a refinar as propriedades exóticas esperadas. Nossos estudos de acompanhamento ajudarão a informar futuros projetos para que possamos detectar essas luas, estudar suas propriedades e procurar sinais de vida”, resumiu Michelle Hill, pesquisadora da Universidade do Sul de Queensland que está trabalhando com Kane.
    Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista The Astrophysical Journal.

    domingo, 3 de junho de 2018

    Cientistas imprimem córneas humanas em impressoras 3D

    Por , em 3.06.2018
    Um novo estudo da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, imprimiu com sucesso as primeiras córneas humanas em 3D.
    Isso significa que a técnica pode ser usada no futuro para garantir um suprimento ilimitado de córneas para transplante.

    A falta de córneas

    A córnea é a camada mais externa do olho humano e tem um papel importante no enfoque da visão.
    Atualmente, 10 milhões de pessoas em todo o mundo necessitam de cirurgia para prevenir cegueira da córnea como resultado de doenças, incluindo o tracoma, uma infecção ocular.
    Além disso, quase 5 milhões de pessoas sofrem de cegueira total devido a cicatrizes na córnea causadas por queimaduras, lacerações, abrasão ou doença.
    Por outro lado, há uma escassez significativa de córneas disponíveis para transplante. A nova pesquisa é uma prova de conceito de que podemos imprimir esse tecido em 3D de forma segura e eficaz, e utilizá-lo para suprir essa demanda.

    O conceito

    Os pesquisadores criaram uma mistura de alginato e colágeno para servir como uma espécie de “bio-tinta”.
    Demorou menos de 10 minutos para que uma simples bioimpressora 3D de baixo custo usasse essa tinta, junto com células-tronco (células estromais da córnea humana) retiradas de um doador saudável, para imprimir o formato de uma córnea.
    Os pesquisadores demonstraram em seguida que as células-tronco cresceram bem na córnea impressa.
    “Muitas equipes em todo o mundo têm perseguido a bio-tinta ideal para tornar este processo viável. Nosso gel exclusivo – uma combinação de alginato e colágeno – mantém as células-tronco vivas enquanto produz um material que é rígido o suficiente para manter sua forma, mas macio o suficiente para ser impresso pelo bocal de uma impressora 3D”, explicou Che Connon, professor de engenharia de tecidos na Universidade de Newcastle.

    Personalização

    O trabalho baseou-se pesquisas anteriores da mesma equipe em que os cientistas mantiveram as células vivas por semanas à temperatura ambiente dentro de um hidrogel semelhante.
    O novo estudo representou um avanço: agora os pesquisadores têm uma bio-tinta pronta que permite que a impressão de tecidos seja iniciada sem ter que se preocupar com o crescimento das células separadamente.
    Os cientistas também demonstraram que é possível imprimir uma córnea que corresponda a especificações exclusivas de um paciente.
    As dimensões do tecido impresso foram originalmente retiradas de uma córnea real. Ao examinar os olhos de um paciente, os pesquisadores podem usar esses dados para imprimir rapidamente uma córnea que tenha o tamanho e a forma desejados.

    Próximos passos

    Enquanto a pesquisa é extremamente promissora, as córneas impressas em 3D ainda precisam passar por diversos outros testes antes de poderem realmente ser usadas em transplantes, o que deve levar anos.
    “No entanto, o que mostramos é que é possível imprimir córneas usando coordenadas tiradas do olho de um paciente e que essa abordagem tem potencial para combater a escassez mundial [desse tecido para transplante]”, concluiu Connon.
    Um artigo detalhando a pesquisa foi publicado na revista científica Experimental Eye Research. [ScienceDaily]

    domingo, 27 de maio de 2018

    Há algo mais rápido do que a velocidade da luz?

    Velocidade da luzDireito de imagemGETTY IMAGES
    Image captionA velocidade exata da luz no vácuo é de 299.792,458 metros por segundo, de acordo com os cientistas
    "A velocidade máxima para tudo no nosso Universo tem um valor: 300 mil quilômetros por segundo", disse o físico teórico britânico Jim Al-Khalili ao programa de rádio da BBC Os Casos Curiosos de Rutherford e Fry, quando consultado sobre a possibilidade de que algo possa viajar mais rápido que a luz.
    "Nada pode ir mais rápido, porque essa é a velocidade do próprio tecido do espaço-tempo. E a luz viaja a essa velocidade. Não é que a luz seja especial nesse sentido, é a própria velocidade que é especial em nosso Universo. Pode haver outros universos nos quais a velocidade máxima seja diferente."
    Mas por que há limite de velocidade?
    "Isso nos leva à Teoria da Relatividade Especial de Albert Einstein, de 1905, que diz que a velocidade da luz é o que conecta o tempo e o espaço", explica.
    No século 17, o físico britânico Isaac Newton disse que o tempo e o espaço eram independentes. Einstein afirmou que, na verdade, o tempo e o espaço estão intimamente conectados, e o que os une - e que nos permite observar isso - é a velocidade da luz.
    "Se você viaja a uma velocidade o mais próxima possível da luz, coisas estranhas acontecem", afirma Al-Khalili.

    Alongamento do espaço e do tempo

    Para entender essas coisas estranhas, o cosmólogo Andrew Pontzen sugere um experimento imaginário em uma viagem de trem.
    "Imagine que você está viajando em um trem e joga uma bola dentro do vagão. Você observa o movimento dela e, para você, parece que ela vai na mesma velocidade todas as vezes em que você a joga. Mas suponha que alguém esteja parado fora do trem, na plataforma de uma estação, e essa pessoa também vê a bola", descreve.
    Trem de alta velocidadeDireito de imagemGETTY IMAGES
    "Essa pessoa verá a bola se movendo não na velocidade na qual você a jogou, mas na velocidade em que o trem viaja combinada à velocidade que você atirou a bola, porque obviamente os dois movimentos estão ocorrendo ao mesmo tempo."
    Tudo isso já pode soar normal para quem conhece a Teoria da Relatividade. Mas os problemas começam quando você aumenta a velocidade do trem.
    Quando mais você se aproxima da velocidade da luz, menos a bola deixa de rolar na velocidade combinada. É como se algo a impedisse de ir mais rápido.
    "Mesmo que o trem esteja um pouco mais lento que a velocidade da luz, o que é mais realista, e você joga a bola, você não vai mais ter a combinação da velocidade em que a jogou com a velocidade do trem. Fica cada vez mais difícil para a bola acelerar na medida em que o trem se aproxima da velocidade da luz", afirma Pontzen.
    "É um efeito muito estranho, que está ligado ao alongamento do espaço e do tempo."
    E o mais estranho é que, na medida em que você se aproxima da velocidade da luz, o trem começa a ficar meio... mole.
    "Para quem está de fora, o trem viajando na velocidade da luz pareceria estar sendo esmagado e ficando menor na direção para onde ele está se movendo. Ao mesmo tempo, parecerá que sua massa está aumentando mais e mais", explica Ponzen.
    "Este é outro motivo pelo qual você não pode andar mais rápido que a velocidade da luz. Se você tentar, parece que sua massa aumenta. Isso faz com que seja mais difícil, por exemplo, que o nosso trem se mova mais rápido."
    Segundo o cosmólogo, isso se deve à extensão da famosa equação de Einstein E = mc² (Energia é igual a massa vezes a velocidade da luz ao quadrado).
    Na verdade, a equação completa é E²=(mc²)²+(pc)². A parte final é a que descreve como a massa do objeto muda quando há movimento envolvido, segundo Ponzen.
    Garota diante do quadro negroDireito de imagemGETTY IMAGES
    Image captionEquação famosa de Einstein tem uma parte "menos lembrada", que descreve como a massa de um objeto muda quando há movimento envolvido
    Mais estranho ainda é o que ocorre com o tempo. Se você pudesse viajar na velocidade da luz, experimentaria toda a história do Universo em um instante. Isso por que todas as leis de causa e efeito se quebrariam, e as noções de passado e de futuro não teriam mais sentido.
    Mas, para isso, seria preciso ter massa e energia infinitas. É por isso que o limite universal de velocidade é uma espécie de fundamento da Física.
    A luz não tem massa. Por isso, consegue viajar neste limite de velocidade cósmico.

    Alarme falso

    Até onde sabemos, não há nada que possa viajar mais rápido que a velocidade da luz. Mas, por um breve momento, acreditou-se que sim.
    Em 2011, foi anunciada uma descoberta que ameaçou anular tudo o que sabemos sobre a velocidade da luz, a Teoria da Relatividade e toda a física moderna.
    Na Suíça, físicos europeus conduziam um experimento chamado Oscillation Project with Emulsion-tRacking Apparatus (Opera, na sigla em inglês), para estudar o fenômeno da oscilação de neutrinos.
    Diferentemente das partículas de luz, os neutrinos são partículas que possuem uma pequena quantidade de massa. Por isso, segundo a Teoria da Relatividade Especial de Einstein, deveriam viajar a uma velocidade menor que a da luz.
    No entanto, naquele ano, o projeto chamou a atenção de toda a comunidade internacional quando anunciou a detecção de neutrinos se movimentando em uma velocidade superior à da luz.
    "Os pesquisadores que realizaram esse experimento com neutrinos na Suíça e na Itália publicaram os resultados, e todos ficaram muito emocionados: isso ia revolucionar a Física", relembra Jim Al-Khalili.
    Cabo conectadoDireito de imagemGETTY IMAGES
    Image captionEm 2011, a Física moderna esteve a ponto de ser completamente questionada por causa do cabo de um relógio digital em um laboratório, que estava mal conectado
    "Mas eles conseguiram aquele resultado por causa de um cabo frouxo de um relógio digital em um computador num laboratório italiano. Quando alguém percebeu e o conectou corretamente, tudo voltou à normalidade e ficou comprovado que os neutrinos estavam viajando a uma velocidade mais baixa que a da luz."
    Toda a Física moderna foi questionada, portanto, por causa de um cabo de fibra ótica solto, que fez com que a passagem do tempo fosse registrada de maneira incorreta.
    Mas isso foi justamente uma amostra da ciência funcionando como deve funcionar.
    "A ciência é cometer erros e aprender com eles. É preciso ter provas muito fortes para derrubar um século de Física, mas isso não significa dizer que nunca acontecerá", afirma Al-Khalili.
    "Desde que Einstein formulou sua teoria tentamos provar que ela está errada e não conseguimos, mas nunca devemos deixar de tentar."

    ### Fonte BBC.

    segunda-feira, 30 de abril de 2018

    Estranho raio de energia parece viajar cinco vezes mais rápido que a velocidade da luz

    Por , em 22.05.2017
    Um raio de energia que sai da galáxia M87 parece se mover cinco vezes mais rápido do que a velocidade da luz, conforme medido pelo Telescópio Espacial Hubble.
    Esta façanha foi observada pela primeira vez em 1995, e tem sido vista em muitas outras galáxias desde então.
    Se nada pode quebrar o limite de velocidade cósmico, o que está acontecendo aqui?! Um truque de mágica, conforme explica Eileen Meyer, uma das pesquisadoras de um estudo sobre esse assunto, da Universidade de Maryland, nos EUA.

    Os raios velozes

    Conhecemos esse raio, um jato de plasma, que é disparado do núcleo de M87 desde 1918, quando o astrônomo Heber Curtis o notou pela primeira vez.
    Para ser visível de tão longe, ele tinha que ser enorme – cerca de 6.000 anos-luz.
    Como os astrônomos modernos agora sabem, praticamente todas as galáxias têm um buraco negro central que periodicamente atrai estrelas e nuvens de gás. Isso aquece o buraco negro, e os campos magnéticos focalizam um pouco desse gás em jatos do plasma quente. Tais jatos são disparados em velocidades próximas – mas não mais rápidas do que – a da luz.

    M87

    Quando apontamos um telescópio para o céu em direção a M87, seu raio de energia superveloz parece torto. Em vez de apontar exatamente para a nossa linha de visão, está inclinado um pouco para a direita.
    Para entender a ilusão, imagine uma única mancha brilhante de plasma começando na base desse caminho e emitindo um raio de luz, ambos viajando em direção à Terra. Agora aguarde 10 anos. Nesse tempo, a mancha moveu-se para mais perto de nós, em uma fração considerável da velocidade da luz. Isso diminui a distância do raio em poucos anos-luz em direção a nós.
    Se você compara a primeira e a segunda imagens da perspectiva da Terra, parece que a mancha acabou de se mover pelo céu para a direita. No entanto, como a segunda posição também está mais perto de nós, sua luz viajou menos do que parece. Isso significa que ela aparenta ter chegado lá mais rápido do que realmente chegou – como se a mancha tivesse passado esses 10 anos viajando a uma velocidade ridiculamente rápida.

    Entendendo o universo

    O jato de M87 é mais do que apenas uma curiosidade.
    Em todo o universo, raios de energia disparados de buracos negros maciços podem parar ou iniciar a formação de estrelas. Mas não está claro como esses raios funcionam e quanta energia eles contêm.
    Parecendo mover-se mais rapidamente do que a luz, eles mudam visivelmente em apenas alguns anos, o que é incomum para objetos distantes. Isso permite que os astrônomos façam estimativas precisas de quão rápido o plasma está se movendo e, portanto, quão poderoso é esse processo.
    A galáxia M87 é especial porque está relativamente próxima de nós em comparação com outras galáxias, tornando-a mais fácil de estudar. Este último estudo, por exemplo, reuniu dados de mais de 20 anos de observação da M87. [NewScientist]

    terça-feira, 24 de abril de 2018



    O cérebro começa literalmente a devorar -se quando não descansa o suficiente


    De acordo com um estudo da Universidade Politécnica de Marche, na Itália, nossos cérebros literalmente começam a devorar a si mesmos quando não dormimos o suficiente.
    A razão pela qual dormimos vai além de repor nossos níveis de energia. Nossos cérebros mudam de estado quando não estamos acordados, para limpar os subprodutos tóxicos da atividade neural deixados para trás durante o dia.
    Curiosamente, o mesmo processo começa a ocorrer em cérebros que ficam cronicamente privados de sono. O problema? Isso faz com que eles limpem uma quantidade significativa de neurônios e conexões sinápticas, que não deveriam.
    A pesquisa foi publicada no Journal of Neuroscience.

    A diferença

    A equipe, liderada pela neurocientista Michele Bellesi, examinou a resposta do cérebro de ratos a maus hábitos de sono.
    Os neurônios são constantemente apoiados por dois tipos diferentes de célula glial. As microgliais são responsáveis por limpar as células velhas e desgastadas através de um processo chamado fagocitose – que significa “devorar” em grego. Já o trabalho dos astrócitos é limpar sinapses desnecessárias no cérebro para atualizar sua “fiação”.
    Sabemos que estes processos ocorrem enquanto dormimos, para eliminar o desgaste neurológico do dia, mas agora parece que a mesma coisa acontece enquanto estamos acordados, se não obtemos sono suficiente.
    Ao invés de isso ser uma coisa boa, porém, o cérebro começa a se prejudicar. Pense no seguinte: o primeiro caso é o lixo que você descarta propriamente sendo recolhido enquanto você está dormindo. O segundo caso é alguém entrando em sua casa contra sua vontade, e indiscriminadamente jogando para fora a sua televisão, geladeira e fogão, por exemplo.

    O estudo

    “Nós mostramos pela primeira vez que porções de sinapses são literalmente comidas pelos astrócitos por causa da perda de sono”, disse Bellesi ao portal New Scientist.
    Para descobrir isso, os pesquisadores estudaram os cérebros de quatro grupos de ratos:
    • Um que dormiu de 6 a 8 horas (bem descansado);
    • Outro que foi periodicamente acordado (espontaneamente acordado);
    • Um terceiro grupo que foi mantido acordado por 8 horas extras (privado de sono);
    • E um grupo que foi mantido acordado por cinco dias seguidos (cronicamente privado de sono).
    Quando os pesquisadores compararam a atividade dos astrócitos nos quatro grupos, identificaram-na em 5,7% das sinapses nos cérebros de ratos bem descansados e 7,3% nos cérebros de ratos espontaneamente acordados.
    Nos ratos privados e cronicamente privados do sono, eles notaram algo diferente: os astrócitos aumentaram sua atividade, mas comeram partes das sinapses da forma como as células microgliais comem resíduos – um processo conhecido como fagocitose astrocítica.
    Nos cérebros de ratos privados de sono, os astrócitos foram ativos em 8,4% das sinapses, e nos cronicamente privados de sono, em 13,5%.

    Dúvidas

    A maioria das sinapses que estavam sendo comidas nos dois grupos de camundongos privados de sono eram as maiores, que tendem a ser as mais antigas e mais usadas, o que é provavelmente uma coisa boa.
    Mas quando a equipe verificou a atividade das células microgliais através dos quatro grupos, eles descobriram que também tinha crescido no grupo cronicamente privado de sono.
    E isso é uma preocupação, porque a atividade microglial desenfreada tem sido associada a doenças cerebrais como Alzheimer e outras formas de neurodegeneração.
    Muitas perguntas permanecem em aberto, por exemplo, se este processo ocorre em cérebros humanos também, e se recuperar o sono pode reverter o dano.
    Essas são questões que os pesquisadores pretendem responder em breve, dado o problema crescente das mortes por Alzheimer no mundo todo, além de nossos ritmos de vida insanos que frequentemente levam a pouco sono. [ScienceAlert]