domingo, 28 de outubro de 2018

As pessoas podem morrer por desistir da luta

Por , em 27.10.2018
Só força de vontade pode não ser suficiente para vencer uma situação difícil, mas certamente faz muita diferença.
De acordo com uma nova pesquisa, pessoas podem morrer simplesmente por desistir da vida. Uma vez que entram em um estado no qual acham que a derrota é inescapável, a morte pode mesmo se tornar real.
Segundo o Dr. John Leach, pesquisador da Universidade de Portsmouth (EUA), o estudo é o primeiro a descrever os marcadores clínicos da “desistência da vida”, condição conhecida cientificamente como morte psicogênica.

Morte psicogênica

A condição geralmente segue um trauma do qual uma pessoa pensa que não há escapatória, fazendo com que a morte pareça o único resultado racional. Ela geralmente ocorre três semanas após o aparecimento do primeiro estágio.
“Não é suicídio e não está ligado à depressão. O ato de desistir da vida é uma condição muito real, muitas vezes ligada a traumas graves”, esclarece Leach.
O pesquisador descreveu os cinco estágios que levam ao declínio psicológico progressivo e sugere que a desistência da vida pode se originar de uma mudança em um circuito frontal-subcortical do cérebro, que governa nosso comportamento direcionado a objetivos. O candidato provável é o circuito cingulado anterior, responsável pela motivação.
“O trauma grave pode desencadear o mau funcionamento do circuito cingulado em algumas pessoas. A motivação é essencial para lidar com a vida e, se isso falhar, a apatia é quase inevitável”, explica.

Há “cura”?

A morte não é inevitável, e pode ser revertida por coisas diferentes em cada estágio. As intervenções mais comuns são atividade física e/ou a pessoa ser capaz de ver que uma situação está, pelo menos parcialmente, sob seu controle.
Ambos esses fatores desencadeiam a liberação da substância química dopamina no organismo.
“Reverter o declínio da morte psicogênica tende a acontecer quando um sobrevivente encontra ou recupera um senso de escolha, de ter algum controle, e tende a ser acompanhado por uma cura das feridas psicológicas e renovação do interesse pela vida”, concluiu o Dr. Leach.

Os cinco estágios

1. Retirada social
O primeiro estágio, de retirada social, ocorre geralmente após um trauma psicológico. As pessoas nesta fase podem mostrar falta de emoção e indiferença, tornando-se “absorvidas” em seu próprio mundo.
Prisioneiros de guerra têm sido frequentemente descritos neste estado inicial. Eles se “retiram” da vida social, vegetando ou tornando-se passivos.
De acordo com Leach, a retirada social pode ser uma maneira de lidar com uma situação ruim. Ou seja, se afastar de qualquer envolvimento emocional externo para permitir um realinhamento interno da estabilidade emocional. Mas, se não for controlada, pode evoluir para apatia.
2. Apatia
Uma “morte emocional” simbólica, a profunda apatia é comum em prisioneiros de guerra e sobreviventes de naufrágios e acidentes aéreos. É uma melancolia desmoralizante, diferente da raiva, da tristeza ou da frustração.
Também já foi descrita como a ausência do esforço para se conservar. As pessoas nesta fase ficam muitas vezes “desgrenhadas”, sem instinto de higiene.
Funciona como um grave desânimo, onde até mesmo a menor tarefa parece exigir o maior esforço possível.
3. Aboulia
Esse estágio corresponde a uma grave falta de motivação associada a uma resposta emocional abafada, falta de iniciativa e incapacidade de tomar decisões.
É improvável que as pessoas nesta fase conversem. Frequentemente, desistem de se lavar ou comer.
No geral, a pessoa perde sua motivação intrínseca – a capacidade ou o desejo de começar a agir para se ajudar -, mas ainda pode ser motivada por outras pessoas, por meio de educação persuasiva, raciocínio, antagonismo e até agressão física.
“Uma coisa interessante sobre a aboulia é que parece haver uma mente vazia ou uma consciência desprovida de conteúdo. As pessoas que se recuperaram deste estágio descrevem-no como ter uma mente como mingau, ou não ter nenhum pensamento”, informa o Dr. Leach.
4. Acinesia psíquica
Nesse estágio, a pessoa está consciente, mas em estado de profunda apatia e insensível a dores extremas. Muitas vezes são incontinentes, e deitam-se em cima de suas próprias excreções.
A falta de resposta à dor foi descrita em um estudo de caso em que uma jovem, diagnosticada posteriormente com acinesia psíquica, sofreu queimaduras de segundo grau ao visitar a praia, porque não saiu do sol.
5. Morte psicogênica
O estágio final é a desintegração de uma pessoa. “É quando alguém desiste. Ela pode estar deitada em seus próprios excrementos e nada – nenhum aviso, espancamento ou súplica – pode fazê-la querer viver”, diz o Dr. Leach.
Nos campos de concentração, as pessoas que chegaram a esse estágio eram normalmente reconhecidas porque começavam a fumar.
Cigarros eram altamente valiosos nessas prisões, e podiam ser trocados por coisas importantes, como comida. “Quando um prisioneiro pegava um cigarro e o acendia, seus companheiros sabiam que a pessoa havia realmente desistido, perdido a fé em sua capacidade de continuar e logo estaria morta”, conta.
O progresso do estágio quatro, a acinesia psíquica, para o estágio cinco, a morte psicogênica, geralmente leva de três a quatro dias.
Pouco antes da morte, há frequentemente um falso “despertar”, um lampejo de vida, como quando alguém de repente desfruta de um cigarro.
“Parece brevemente que o estágio de ‘mente vazia’ passou e foi substituído pelo que poderia ser descrito como um comportamento direcionado a um objetivo. Mas o paradoxo é que, enquanto um cintilar de comportamento direcionado a um objetivo frequentemente ocorre, o objetivo em si parece ser perder a vida”, finaliza o pesquisador. [MedicalXpress]

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Fantástica descoberta mostra que as piores infecções poderiam ser curadas sem antibióticos

Por , em 18.10.2018
Um novo estudo liderado pela Universidade Case Western Reserve (Ohio, EUA) mostrou que antibióticos nem sempre são necessários para curar infecções bacterianas resistentes em ratos.
Em vez de matar as bactérias, os pesquisadores trataram os animais infectados com moléculas que bloqueiam a formação de toxinas nelas. Todos sobreviveram.
A equipe de bioquímicos, microbiologistas e médicos especialistas sugere que infecções em humanos poderiam ser curadas da mesma maneira.

Como funciona

As moléculas se agarram a uma proteína causadora de toxinas encontrada em espécies bacterianas gram-positivas, chamada AgrA, tornando-a ineficaz.
Tratar ratos com as moléculas terapêuticas efetivamente curou as infecções causadas por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA).
S. aureus é notória por sua capacidade de superar até mesmo os antibióticos mais potentes. Seu arsenal de resistência é amplo, limitando as opções de tratamento.

Resultados

No experimento, o tratamento apenas com moléculas resultou em 100% de sobrevivência, enquanto 70% dos animais não tratados morreram.
As moléculas também parecem dar um impulso aos antibióticos. Ratos sépticos tratados com uma combinação de moléculas e antibióticos tiveram 10 vezes menos bactérias na corrente sanguínea do que os ratos tratados apenas com antibiótico.
“Para pacientes relativamente saudáveis, como atletas que sofrem com MRSA, essas moléculas podem ser suficientes para eliminar uma infecção”, disse Menachem Shoham, professor de bioquímica da Escola de Medicina da Universidade Case Western Reserve, e principal autor do estudo.
Para pacientes imunocomprometidos, a solução pode ser a terapia combinada de moléculas e um antibiótico de baixa dose. O antibiótico utilizado pode ser um ao qual as bactérias são resistentes em monoterapia, porque as moléculas aumentam a eficácia de drogas convencionais, como a penicilina.

Grande potencial

As pequenas moléculas trabalham contra múltiplas espécies bacterianas. O novo estudo incluiu experimentos preliminares mostrando que elas também são capazes de impedir outras três espécies bacterianas de matarem células imunes.
“Nós provamos a eficácia não só contra o MRSA, mas também contra o Staphylococcus epidermidis, que é notório por entupir cateteres, Streptococcus pyogenes que causam infecções na garganta, Streptococcus pneumoniae e outros patógenos”, disse Shoham.
Com o apoio das moléculas, antibióticos anteriormente obsoletos poderiam ser receitados novamente. “Isso poderia fornecer uma solução parcial para a iminente ameaça global da resistência aos antibióticos”, conclui o pesquisador.

Nova vida aos antibióticos

Os antibióticos matam a maioria das bactérias, mas um pequeno número com resistência natural ao medicamento sobrevive.
Com o tempo, as bactérias resistentes aos antibióticos se multiplicam e se espalham. Segundo estimativas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, pelo menos dois milhões de americanos contraem anualmente uma infecção resistente a antibióticos.
O desarmamento de toxinas representa uma alternativa promissora a esse problema. A eliminação de toxinas libera o sistema imunológico para cuidar dos patógenos bacterianos.
“Sem as toxinas, as bactérias se tornam inofensivas. E, como não precisam das toxinas para sobreviver, há menos pressão para desenvolver resistência”, complementa Shoham.

Estudo com humanos

Os pesquisadores desenvolveram duas pequenas moléculas, F12 e F19, ambas eficazes nos ratos. Agora, estão trabalhando para comercializá-las.
A Universidade Case Western Reserve já emitiu uma licença para a Q2Pharma, uma startup biofarmacêutica de Israel, para desenvolver F12 e F19 para ensaios clínicos com seres humanos.
Os testes iniciais se concentrarão em pacientes que sofrem de infecções sistêmicas resistentes a múltiplas drogas.
Um artigo descrevendo as descobertas foi publicado na revista Scientific Reports.

sábado, 13 de outubro de 2018

Morcegos vampiros podem salvar pacientes de derrame

Por , em 6.09.2011
Atualmente, os pacientes que sofrem da maioria dos tipos de acidentes vasculares cerebrais (derrames) precisam tomar injeções anticoagulantes dentro de quatro horas do ataque para o tratamento funcionar.
Mais de 80% dos acidentes vasculares cerebrais ocorrem quando o suprimento de sangue para por causa de um coágulo no cérebro. Este tipo de acidente vascular cerebral, chamado de isquêmico, pode responder a injeções de anticoagulantes.
Um segundo tipo de ataque, chamado de acidente vascular cerebral hemorrágico, ocorre quando um vaso sanguíneo enfraquecido estoura e causa danos ao cérebro. Cirurgia de emergência é muitas vezes necessária para tratar derrames, a fim de remover o sangue do cérebro e reparar a ruptura dos vasos sanguíneos.
Agora, um novo estudo descobriu que um medicamento derivado da proteína da saliva dos morcegos vampiros pode ter o mesmo efeito da injeção anticoagulante por até nove horas. Uma droga derivada da substância pode diluir o sangue e dissolver coágulos no cérebro, salvando vidas e limitando os danos causados por derrames.
A droga, chamada Desmoteplase, pode ser dada a pacientes que sofreram um derrame enquanto estiverem adormecidos, para depois acordar horas mais tarde.
Morcegos vampiros foram escolhidos porque usam sua saliva para manter o sangue de suas presas fino o suficiente para beber.
Com 40 hospitais e mais de 400 pacientes participando da pesquisa, o tratamento está em seus estágios iniciais, mas se for bem, pode ser usado em larga escala dentro de três anos.
Pesquisadores que realizaram um estudo anterior menor disseram que a droga se mostrou promissora, “o maior avanço” no tratamento de acidente vascular cerebral em duas décadas.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Conheça o diamante de 10 bilhões de trilhões de quilates

Por , em 30.09.2010
Você já viu algum diamante que parecesse uma estrela? E uma estrela que é um diamante? Pois saiba que astrônomos descobriram, brilhando no céu, uma estrela de 10 bilhões de trilhões de quilates.
O diamante cósmico é um pedregulho de carbono cristalizado (diamante) de 4mil quilômetros de diâmetro e localiza-se a 50 anos luz de distância da Terra, na constelação de Centauro. Ele é, na prática, o centro comprimido de uma velha estrela que, em algum dia remoto, foi como o nosso Sol. Mas desde que a energia da estrela acabou ela foi se comprimindo e acabou virando esse enorme diamante.
Ela pode ser conhecida como uma “anã branca” cristalizada, que é como os astrônomos chamam as sobras do centro de uma estrela que morreu. Como esses interiores são feitos de carbono, os cientistas já suspeitavam que eles pudessem se cristalizar na forma de diamantes, mas provar isso só se tornou possível recentemente.
Os astrônomos a batizaram de “Lucy”, em homenagem à música dos Beatles “Lucy in the sky with diamonds”.
E Lucy não só brilha intensamente como também vibra, como um enorme gongo. Foi estudando essas vibrações que os astrônomos puderam verificar como é feito o seu interior.
Para medir corretamente os quilates do diamante e seu valor astrônomos dizem que precisaríamos de uma lupa de joalheiro do tamanho do Sol.
Não é preciso nem ser um astrônomo ou um especialista em jóias para saber que Lucy deixa o maior diamante da Terra no chinelo – o Golden Jubilee (Jubileu dourado), o recordista atual, tem 546 quilates.
O nosso Sol, algum dia, pode se tornar algo parecido. Estima-se que ele irá virar uma anã branca daqui a 5 bilhões de anos. Dois bilhões de anos depois disso, ele será cristalizado e também deixará um enorme diamante cósmico no céu.