Fantástica descoberta mostra que as piores infecções poderiam ser curadas sem antibióticos
Um novo estudo liderado pela Universidade Case Western Reserve (Ohio, EUA) mostrou que antibióticos nem sempre são necessários para curar infecções bacterianas resistentes em ratos.
Em vez de matar as bactérias, os pesquisadores trataram os animais infectados com moléculas que bloqueiam a formação de toxinas nelas. Todos sobreviveram.
A equipe de bioquímicos, microbiologistas e médicos especialistas sugere que infecções em humanos poderiam ser curadas da mesma maneira.
A equipe de bioquímicos, microbiologistas e médicos especialistas sugere que infecções em humanos poderiam ser curadas da mesma maneira.
Como funciona
As moléculas se agarram a uma proteína causadora de toxinas encontrada em espécies bacterianas gram-positivas, chamada AgrA, tornando-a ineficaz.
Tratar ratos com as moléculas terapêuticas efetivamente curou as infecções causadas por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA).
A S. aureus é notória por sua capacidade de superar até mesmo os antibióticos mais potentes. Seu arsenal de resistência é amplo, limitando as opções de tratamento.
Resultados
No experimento, o tratamento apenas com moléculas resultou em 100% de sobrevivência, enquanto 70% dos animais não tratados morreram.
As moléculas também parecem dar um impulso aos antibióticos. Ratos sépticos tratados com uma combinação de moléculas e antibióticos tiveram 10 vezes menos bactérias na corrente sanguínea do que os ratos tratados apenas com antibiótico.
“Para pacientes relativamente saudáveis, como atletas que sofrem com MRSA, essas moléculas podem ser suficientes para eliminar uma infecção”, disse Menachem Shoham, professor de bioquímica da Escola de Medicina da Universidade Case Western Reserve, e principal autor do estudo.
Para pacientes imunocomprometidos, a solução pode ser a terapia combinada de moléculas e um antibiótico de baixa dose. O antibiótico utilizado pode ser um ao qual as bactérias são resistentes em monoterapia, porque as moléculas aumentam a eficácia de drogas convencionais, como a penicilina.
Grande potencial
As pequenas moléculas trabalham contra múltiplas espécies bacterianas. O novo estudo incluiu experimentos preliminares mostrando que elas também são capazes de impedir outras três espécies bacterianas de matarem células imunes.
“Nós provamos a eficácia não só contra o MRSA, mas também contra o Staphylococcus epidermidis, que é notório por entupir cateteres, Streptococcus pyogenes que causam infecções na garganta, Streptococcus pneumoniae e outros patógenos”, disse Shoham.
Com o apoio das moléculas, antibióticos anteriormente obsoletos poderiam ser receitados novamente. “Isso poderia fornecer uma solução parcial para a iminente ameaça global da resistência aos antibióticos”, conclui o pesquisador.
Nova vida aos antibióticos
Os antibióticos matam a maioria das bactérias, mas um pequeno número com resistência natural ao medicamento sobrevive.
Com o tempo, as bactérias resistentes aos antibióticos se multiplicam e se espalham. Segundo estimativas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, pelo menos dois milhões de americanos contraem anualmente uma infecção resistente a antibióticos.
O desarmamento de toxinas representa uma alternativa promissora a esse problema. A eliminação de toxinas libera o sistema imunológico para cuidar dos patógenos bacterianos.
“Sem as toxinas, as bactérias se tornam inofensivas. E, como não precisam das toxinas para sobreviver, há menos pressão para desenvolver resistência”, complementa Shoham.
Estudo com humanos
Os pesquisadores desenvolveram duas pequenas moléculas, F12 e F19, ambas eficazes nos ratos. Agora, estão trabalhando para comercializá-las.
A Universidade Case Western Reserve já emitiu uma licença para a Q2Pharma, uma startup biofarmacêutica de Israel, para desenvolver F12 e F19 para ensaios clínicos com seres humanos.
Os testes iniciais se concentrarão em pacientes que sofrem de infecções sistêmicas resistentes a múltiplas drogas.
Um artigo descrevendo as descobertas foi publicado na revista Scientific Reports.
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