terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Repressão da sexualidade feminina vem de todos os lados

Por , em 30.12.2018
Uma vez que o sexo é cobiçado pelos homens, as mulheres limitariam o acesso como forma de manter vantagem na negociação deste recurso. Mulheres que fazem sexo prontamente comprometeriam a posição de poder do grupo, razão pela qual muitas mulheres são particularmente intolerantes a mulheres que são, ou parecem, promíscuas, defende Tracy Vaillancourt, pesquisadora que conduziu uma pesquisa semelhante ao novo estudo, em entrevista ao jornal New York Times.
Este novo estudo, entretanto, confirma que as duas suposições estão corretas: homens e mulheres suprimem a sexualidade feminina. No entanto, somente as mulheres tendem a punir outras mulheres que se mostram sexualmente mais livres, mesmo que isso tenha um custo para elas próprias.

Sexualidade e castigo

No estudo, os voluntários participavam de um “Jogo de Tomada de Decisões Econômicas” on-line contra um um suposto adversário real localizado em qualquer parte do mundo. Na realidade, no entanto, seus oponentes eram apenas respostas automáticas que correspondiam a uma entre três modelos femininas, cada uma com fotos em contextos sexualmente restritivos e sexualmente provocativos. Para as fotos sexualmente provocantes, as modelos usavam roupas vermelhas e muita maquiagem, enquanto as fotos conservadoras eram feitas com roupas folgadas de cores neutras.  

No primeiro dos três experimentos, os participantes receberam 20 dólares e uma instrução: poderiam dar qualquer quantia em dinheiro ao destinatário com o qual estivessem conectados online. Suas identidades permaneceriam anônimas para o destinatário. O resultado: homens e mulheres davam menos dinheiro às modelos que se vestiam provocativamente.
Os pesquisadores também testaram como os participantes julgavam a confiabilidade dos dois conjuntos de modelos. Os participantes recebiam uma quantia em dinheiro e prestavam contas a um administrador. Eles foram informados de que qualquer quantia que eles entregassem ao administrador seria triplicada, mas o problema era que o administrador poderia então escolher devolver qualquer quantia ao investidor, ou nenhuma. Mais uma vez, como previsto, homens e mulheres eram menos propensos a confiar nas mulheres que usavam roupas sexualmente provocantes.
“Isso é consistente com nossa visão de que mulheres sexualmente acessíveis são percebidas como mais propensas a trair parceiros ou a roubar os parceiros dos outros”, apontam os pesquisadores, segundo a matéria do Big Think.
Finalmente, o último jogo testou se as mulheres são mais propensas a infligir punições onerosas a mulheres sexualmente disponíveis, mesmo que isso às afete diretamente. No jogo, uma pessoa recebeu uma quantia em dinheiro e poderia optar por dar qualquer quantia ao outro jogador. Enquanto isso, o destinatário poderia optar por aceitar a oferta ou rejeitá-la se ela parecesse injusta. Se o destinatário rejeitasse, nenhum dos jogadores receberia nada. Os resultados mostraram que as mulheres eram consideravelmente mais propensas a rejeitar ofertas que julgavam injustas, o que significava que estavam dispostas a perder dinheiro apenas para punir sua adversária sexualmente acessível.
Com os resultados, os pesquisadores concluíram que culpar um só gênero pela supressão da sexualidade é uma explicação incompleta. “Em vez disso, ambos os sexos perpetuam e mantêm avaliações preconceituosas de mulheres sexualmente acessíveis, mas por diferentes razões. Portanto, propomos uma teoria da sexualidade feminina que reconhece que homens e mulheres têm diferentes vias para o sucesso reprodutivo, e que homens e mulheres podem tentar controlar a sexualidade de uma mulher simultaneamente. Isso complementa as evidências anteriores de que homens e mulheres são motivados a objetificar mulheres sexualizadas por meio de mecanismos diferentes. Se a sociedade quiser entender e superar o duplo padrão sexual, os intervencionistas devem procurar descobrir como homens e mulheres variam em suas atitudes em relação às mulheres sexualizadas”, defendem no estudo. [Big ThinkNY TimesPsy Post]

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